Enem 2011 anula 137 mil redações
Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC) que cuida do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) revelam que, em 2011, 2,5% dos candidatos tiveram redação anulada pela banca de correção. Essa porcentagem representa um montante de 137.161 redações.
A anulação da redação pode ocorrer nos seguintes casos: fuga do tema; entrega da folha em branco; escrever texto de até 7 linhas (mínimo exigido); copiar texto motivador; colocar desenhos; escrever algo ofensivo; desrespeitar os direitos humanos.
Segundo Maurício Kleinke, coordenador do vestibular da Universidade de Campinas (Unicamp) em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, um dos motivos desse aumento pode ser a ampliação dos usos do Enem, com o conseqüente aumento do número de candidatos (59% mais redações corrigidas). O Exame é usado como vestibular, como certificação do Ensino Médio e do EJA (Educação de Jovens e Adultos).
“O gênero pedido no Enem é a dissertação argumentativa, o que significa que o aluno terá que defender uma opinião (tese) dentro do tema abordado. Um aluno que não respeitar a estrutura de gênero ou fugir ao recorte proposto ao tema terá a redação anulada”, diz Aline Pereira de Souza, professora de redação do Opção Vestibulares.
Para Maria Silvia Cintra Martins, professora do Departamento de Letras da Universidade Federal de São Carlos que tem experiência no ensino de redação em cursos vestibulares, uma das causa mais comuns de anulação de redação é justamente a fuga ao tema: “O candidato deve mostrar não apenas que é um bom escritor, mas também um bom leitor. É preciso ler o tema dado de forma adequada, e o acervo de textos que é fornecido na prova ajuda nessa focalização. Pode acontecer de um tema ser amplo, mas ao ler os textos o aluno descobrir um enfoque sugerido”, diz.
“E como os alunos tem cada vez mais dificuldade de entender o que lêem”, ressalta Aline Souza, “é importante frisar que é preciso se ater ao recorte proposto”.
Sobre a dificuldade dos temas escolhidos, ela diz: “A redação do Enem normalmente apresenta temas fáceis, como trabalho, privacidade nas redes sociais, leitura…Entretanto, o diferencial do aluno residirá em como ele articulará os conhecimentos que tem para tratar desse tema”.
E o diferencial da redação do Enem em relação a outros vestibulares, afirma Aline, é o fato de aquele não exigir título para redação, e por exigir que a conclusão do texto contenha uma proposta de ação que se volte ao respeito aos direitos humanos.
DICAS
“Pensando a longo prazo, no Ensino Médio, a preparação deveria começar, no mais tardar, no 2º ano. O gênero argumentativo não é o gênero cotidiano. Ele não é o espontânea, do dia a dia. Aluno tem que se distanciar um pouco da sua forma mais convencional de usar a linguagem para praticar, para exercitar esse tipo de texto pedido no vestibular e no Enem. Não é a forma espontânea do jovem se comunicar. Ele precisa aprender, praticar de forma muito sistemática essa forma de escrita diferenciada. Daí a importância da leitura de textos argumentativos, para que ele se impregne dessa forma de uso da língua”, explica a professora Maria Silvia Cintra Martins
“A dica que dou aos alunos sempre é ler bem as instruções da prova, a coletânea de textos, e respeitar a estrutura de gênero requisitada, colocando a tese no início do texto e os argumentos que a comprovem, e fazer projetos do texto antes. No mais é se preparar com leituras, vendo filmes, estudando também as outras matérias cujos conhecimentos podem ser utilizados na confecção da redação. E, claro, praticando”, diz a professora Aline Souza.
