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Estágio obrigatório para estudantes de medicina diverge opiniões

11/07/2013 00h19 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
Estágio obrigatório para estudantes de medicina diverge opiniões

O “Programa Mais Médicos”, instituído pelo governo federal, diverge opiniões entre médicos, estudantes e população. Como uma medida provisória, prevê que, a partir de 2015, o curso de Medicina passe de seis para oito anos. Os estudantes terão que trabalhar dois anos no Sistema Único de Saúde (SUS) para conseguir o diploma.

 

O coordenador do curso de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Bernardino Geraldo Alves Souto, diz não ser contra a inserção de alunos no SUS durante a graduação, ressaltando que isto já acontece com os alunos da UFSCar. Porém se não houver mudanças na qualificação dos cursos e também na gestão e financiamento do SUS, a proposta é totalmente equivocada e a medida implantada com um cunho político para as próximas eleições. “Médico no interior é fábrica de voto”, afirma.

Ele ainda aponta que a maioria dos cursos de graduação médicas do país necessita de investimentos em qualificação com novas estratégias pedagógicas, pois grande parte das instituições de ensino superior não forma profissionais com as devidas competências que o sistema realmente precisa. “Precisamos de médicos especialistas e generalistas trabalhando de maneira articulada por meio de um sistema de saúde organizado”, explica.

Além disso, as condições de trabalho do SUS são totalmente precárias e desestimulantes, sendo necessárias mudanças radicais nas questões de gestão e financiamento do sistema.

“O médico que aceita a proposta apenas como incentivo de remuneração deve se desconfiar de suas intenções, pois sem as condições mínimas e necessárias de trabalho, este trabalho é antiético”, afirma Souto.

O presidente da Sociedade Médica de São Carlos, Francisco Márcio de Carvalho, ressalta que considera errônea a decisão do governo de implantar um estágio obrigatório à classe médica, sendo viável que em vez de medidas compulsórias se criassem mais vagas para residência médica no país.

Além disso, considera que a área de saúde pública não sofre de falta de médicos e sim do desenvolvimento econômico e social para os locais em defasagem de atendimento. “Mesmo não sendo a melhor referência de atendimento pelo SUS, o estado de São Paulo oferece ainda as melhores condições de trabalho, o que desloca muitos médicos de outras regiões para se especializarem aqui e deixa descoberto o atendimento de outras localidades”, comenta Carvalho.

Para a estudante Nathália Neves Nunes, de 21 anos, que cursa o 3º ano do curso de Medicina da UFSCar, a nova proposta deve ser repensada a partir de ângulos pedagógico e assistencial, “nos quais não vê a eficácia na formação dos alunos, uma vez que o serviço de saúde não terá profissionais e estrutura adequada pra receber os ‘quase médicos’. Com isso, a inexperiência médica causará um impacto negativo na saúde da população atendida”, opina a estudante.

 

População aprova medida

A maioria dos entrevistados acredita que a medida provisória irá beneficiar e melhorar o atendimento do SUS, com mais profissionais disponíveis e com vontade de aprender.

O vigilante Aristides Valentin de Almeida, de 52 anos, é a favor do estágio para aumentar o número de atendimentos do SUS, porém fica na dúvida se estudantes ainda em graduação estarão qualificados para o serviço público.

O aposentado José Zito Jardim de Lima, de 66 anos, concorda com a medida provisória que irá garantir mais atendimentos aos pacientes que hoje aguardam por um período muito longo uma consulta.

A doméstica Rosângela Aparecida Custódio Cardoso, de 36 anos, acha que a medida será uma contribuição para melhorar o atendimento que hoje é falho e com alguns descasos. “Com os futuros médicos iniciando a carreira, o atendimento talvez seja mais humanizado”, opina.

O estudante, Jeferson Gomes da Silva Rodrigues, de 18 anos, comenta que alguns médicos não possuem o comprometimento com a saúde pública e a proposta pode vir a melhorar a formação dos profissionais. Mas não concorda que o estágio seja obrigatório.

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