Sanca Brechó centraliza o comércio de produtos entre universitários, incentiva o consumo consciente e fortalece a economia circular em São Carlos
O consumo consciente e circular é uma premissa essencial para um mundo que enfrenta desafios ambientais crescentes. Em São Carlos, cidade universitária marcada por chegadas, partidas e constantes mudanças de moradia, essa lógica ganha ainda mais relevância. Foi observando esse movimento de compra e venda de móveis, eletrodomésticos, livros e tantos outros itens que um grupo de estudantes do projeto de extensão USPCodeLab Sanca, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), decidiu transformar um problema cotidiano em uma solução tecnológica.
Nasceu assim o Sanca Brechó, uma plataforma gratuita para universitários anunciarem produtos usados, sem taxas e com mais segurança. A proposta é reunir, em um único espaço, ofertas que hoje estão dispersas em grupos do Telegram, do Facebook, em conversas informais e até em cartazes colados pelos corredores do campus.
A plataforma opera como vitrine, ou seja, quem anuncia publica fotos, descrição e preço; quem se interessa tem acesso direto ao WhatsApp do vendedor. Não há qualquer cobrança de taxa. De acordo com os desenvolvedores, dois aspectos trazem mais segurança aos usuários:
- Cadastro exclusivo para universitários mediante e-mail institucional da USP, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Instituto Federal de São Paulo (IFSP);
- Sistema de denúncias e avaliações, que ajuda a identificar comportamentos inadequados.
Por ter sido lançada há poucos dias, a plataforma ainda está em fase inicial de adesão. A equipe convida os estudantes da USP, UFSCar e IFSP a conhecerem o sistema e contribuírem cadastrando seus primeiros anúncios.
Como o projeto foi desenvolvido
Idealizado em março deste ano pela frente de projetos de inovação do USPCodeLab Sanca, o Sanca Brechó mobilizou, ao longo do desenvolvimento, nove estudantes do ICMC: Otávio Biagioni Melo, Shogo Shima, Yvis Freire, Juan Marques, Gabriel Barbosa, José Carlos Andrade, Leonardo Marangoni, Bruno Kazuya e João Victor Prado.
Eles se dividiram entre interface, backend, banco de dados, testes, acessibilidade, segurança e até a parte legal: termos de uso, Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e todos os cuidados que uma plataforma pública exige.
Para eles, a experiência de desenvolver um brechó virtual foi importante para o desenvolvimento acadêmico, se aproximando da rotina de uma startup. De acordo com o estudante Otávio Biagioni Melo, o time teve contato com um conjunto moderno de tecnologias utilizadas no mercado, como Next.js no frontend, Go no backend e PostgreSQL no banco de dados. “Mais importante que aprender cada tecnologia, foi integrá-las em um sistema completo. Isso trouxe um aprendizado muito mais profundo do que qualquer tutorial isolado”, destaca Otávio.
A equipe adotou processos de gestão típicos do setor de tecnologia como: organização de tarefas no ClickUp, reuniões semanais, definição de metas e acompanhamento contínuo do progresso. Além disso, antes do lançamento da plataforma, eles entraram em contato com o público final, coletando feedback de alunos da USP, UFSCar e IFSP, o que ajudou a ajustar funcionalidades e pensar em melhorias. “A melhor forma de resolver um problema é ouvindo quem passa por ele todos os dias”, afirma Melo.
O Sanca Brechó é um projeto open-source. Isso significa que qualquer pessoa pode visualizar, propor melhorias e contribuir para o desenvolvimento do código. A licença aberta e os guias de contribuição estão disponíveis no GitHub do projeto. (Gabriele Maciel, da Fontes Comunicação Científica)
