Homem recusado pela Santa Casa de São Carlos morre em Matão
Cícero Hora da Silva, de 56 anos, morreu no início da tarde do dia 28, informa Claudecir Hora da Silva, filho da vítima. Na madrugada do dia 27, a Santa Casa de São Carlos recusou atendimento a Cícero, que sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), e vinha de Matão, onde estava internado. A recusa, segundo o diretor técnico do hospital de São Carlos, Afonso Thadeu Pannacci, ocorreu em razão da falta de leitos na UTI, pois em razão da ausência de neurocirurgiões na Santa Casa de Araraquara os pacientes daquela região que precisam de atendimento foram mandados para São Carlos.
Em nota, a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Saúde do Governo do Estado esclarece que a Central de Regulação da Oferta de Serviços de Saúde (CROSS) encaminhou o paciente para a Santa Casa de São Carlos como pedido de vaga zero, recurso previsto no SUS (Sistema Único de Saúde). “Isto pode e deve ser feito quando o caso é de vida ou morte. É lamentável que a Santa Casa de São Carlos, unidade privada conveniada ao SUS, tenha se recusado a atender um paciente que corria risco de morte”, diz a nota, que ainda afirma: “Ao saber da situação, a CROSS imediatamente providenciou vaga para o paciente em Ribeirão Preto, cabendo a unidade de origem providenciar o transporte”.
A Assessoria de Imprensa do Hospital Carlos Fernandes Malzoni, de Matão, confirma essa indicação para Ribeirão, informando, no entanto, que o estado de saúde do paciente era muito delicado para que a transferência fosse realizada, tendo o paciente permanecido no hospital de Matão, onde veio a falecer.
“Vamos deixar essa turbulência passar para pensar com calma o que vamos fazer”, disse Claudecir Hora da Silva, à reportagem do Primeira Página.
Entenda o caso
Internado na tarde do dia 26 no hospital de Matão por causa de um AVC, na madrugado do dia 27 Cícero foi transferido para Santa Casa de São Carlos. O encaminhamento da transferência foi feita pela Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde (CROSS) do Estado de São Paulo, órgão da Secretaria de Saúde Estadual que congrega ações voltadas para regulação do acesso à área hospitalar e ambulatorial, providenciando o ajuste da oferta assistencial.
Afonso Thadeu Pannacci, diretor técnico da Santa Casa de São Carlos, afirmou que a diretoria do hospital entrou em contato com o CROSS informando que não tinham condições de dar o atendimento aos pacientes de neurocirurgia: “Isso foi falado, essa vaga é sempre negada quando não temos condições, e o CROSS acaba mandando vaga zero, dizendo que temos condições de atender e temos de nos virar”, explica Pannacci.
O vaga zero, estipulado pela portaria 2.048 do Ministério da Saúde, afirma que, na urgência, o atendimento deve ser prestado independente da existência ou não de leitos vagos
vergonha !