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Jovens buscam o recomeço na Fundação Casa

26/01/2014 19h32 - Atualizado há 10 anos Publicado por: Redação
Jovens buscam o recomeço na Fundação Casa

Um período para reflexão. Para um recomeço. Não é considerado um ‘tempo perdido” e sim um momento para que possam repensar o que fizeram de errado e buscarem a recuperação e a consequente reinserção na sociedade.

 

Hoje, 64 internos cumprem medidas sócioeducativas na unidade São Carlos da Fundação Casa, que completa em março deste ano, quatro anos de atividades no município. No Estado são 149 unidades e cerca de 9 mil jovens sendo assistidos. Segundo a assessoria de imprensa da Fundação, a taxa de reincidência dos menores ao ano chega a 13%.

Dirigida pelo pedagogo ribeirão-pretano da área de Segurança Pública, Marcelo Viana Barense, 46 anos, uma nova filosofia passou a ser empregada, com vistas a modernizar a gestão e delegar metas aos internos, para que possam se ressocializar.

Com uma experiência de 13 anos, sendo três deles atuando em São Carlos, Barense disse que a média de idade de jovens que cumprem internato é de 16/17 anos.

“Durante a estadia na Fundação Casa existe uma gama de atividades extensa, que vai desde o ensino formal, curso profissional básico, recreação e lazer. Teremos ainda jardinagem e até uma horta para que eles possam ter momentos agradáveis e produtivos”, afirmou Barense.

Paralelamente mediante parceria com a Gada, em janeiro e julho (período de férias escolares), é feita uma programação especial com workshops, apresentação circense, mágicas e Rap.

“Até mesmo com a saúde de cada um temos uma grande preocupação, pois damos assistência médica-odontológica e oferecemos cinco refeições diárias, com a orientação de uma nutricionista”, enfatizou o diretor.

 

NA SOCIEDADE

Uma das preocupações do diretor da Fundação Casa em São Carlos é recolocar o menor na sociedade, que ele possa se sentir útil. Para tanto, procura parceiros na rede de atendimento municipal e estadual para que cada jovem possa recuperar o tempo perdido e deixar para trás momentos considerados ‘negativos’ perante a sociedade.

“Na Fundação Casa, pelo fato de cada jovem ficar em média de 6 a 8 meses, o tempo é curto para cursos profissionalizantes e até mesmo para iniciar o aprendizado. Por isso, ao sair da Fundação seria importante ele poder dar sequência ao aprendizado, conseguir um emprego e ter uma colocação profissional. Enfim, uma vida digna”, explicou.

Sobre a recuperação que a Fundação poderia proporcionar a cada interno, Barense foi objetivo. “Há diálogos quase que diários, cursos, ensinamentos. Enfim, mostramos os caminhos e procuramos ainda fazer com que eles vejam onde erraram. Para que recomecem a vida, aí vai da maturidade de cada um”, finalizou.

 

“ERREI, DESTRUÍ FAMÍLIA. HOJE SOU PAI E VOU MUDAR”

Daniel (nome fictício), 16 anos, natural de Mococa/SP. Está há 11 meses na Fundação Casa. Acabou detido pela prática de tráfico. Ele lembra que tudo começou por futilidades e uma vaidade pessoal.

“Queria roupa chique, de marca. Queria dinheiro fácil e acabei nessa vida. Destruí famílias, pois levei crianças para o vício. Errei muito e estou arrependido. Ainda mais porque hoje sou pai (tem uma filha de três meses) e não quero mais magoar ninguém. Fiz mal para muita gente e peço perdão”, disse.

Hoje, Daniel fica orgulhoso, ao ser um exemplo na Fundação. Recentemente foi aprovado no Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos), concluindo o ensino básico.

“Agora só penso em sair daqui, trabalhar e estudar. Vou cursar Administração de Empresas e me tornar um cidadão exemplar”, prometeu.

 

“FUI PRESO POR ROUBO. MAS QUERO UM FUTURO MELHOR”

O pirassununguense Matheus (nome fictício), 17 anos, foi flagrado em roubo qualificado. Segundo ele, a primeira vez que tentou fazer algo fora da lei. Está há dois meses na Fundação.

Considerado um exemplo, ele busca a recuperação, participando de atividades recreativas e que proporcione dias mais saudáveis. Recentemente destacou-se em uma gincana de férias promovida pela entidade. Venceu as 7 provas que disputou e chamou a atenção por pular cordas dando salto mortal.

“Fiz coisa errada e estou aqui procurando mostrar que posso voltar a conviver com minha família e fazer bons amigos. Quero fortalecer minha mente e ter um futuro melhor. Vou lutar por isso e sei que consigo vencer”, garantiu.

 

TALENTO NA NATAÇÃO QUER SER O ORGULHO DA FAMÍLIA

Com 17 anos, natural de Descalvado, Luan (nome fictício), está há 10 meses na Fundação. Cometeu um grave crime, o latrocínio (roubo seguido de morte). Estava desde os 13 envolvido com delitos. “Era ambicioso. Queria dinheiro fácil e não depender de ninguém. Fazia tudo porque queria. Usava droga, roubava e brigava. Fiz muitas coisas erradas e deixei famílias tristes”, reconheceu.

Entretanto Luan garante mudou. “Estou recuperado”, garantiu. Convicto, ele disse que quer ser o orgulho e terminar os estudos. “Não tenho como mudar o passado, mas quero esquecer tudo de mal que fiz e pedir perdão”, disse.

Luan leva a sério a sua recuperação, a ponto de dedicar a natação e começar a se destacar. Prova disso é que no início deste mês conquistou uma medalha de bronze nos 25 metros livres em um festival de natação promovido pela Fundação Casa.

Emocionado, e com os olhos marejados, reafirmou. “Quero trabalhar e ser motivo de orgulho”.

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