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Lauri deve receber diploma honorífico da USP

Ao todo serão 33 homenagens que universidade deve promover por meio do projeto para estudantes assassinados pela ditadura militar

26/12/2023 23h31 - Atualizado há 7 meses Publicado por: Redação
Lauri deve receber diploma honorífico da USP Acervo Grupo de Ex-moradores do Crusp

Mais de cinquenta anos após ser assassinado por agentes da ditadura militar brasileira, o são-carlense Lauriberto José dos Reyes, ex-estudante da Universidade de São Paulo (USP) deverá ser homenageado pela universidade com diploma honorífico.

A homenagem faz parte do projeto Diplomação da Resistência, uma iniciativa da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP) e da vereadora paulistana Luna Zarattini (PT), em parceira com o Instituto de Geociências da USP.

Os primeiros a ser homenageados foram  Alexandre Vannucchi Leme e Ronaldo Mouth Queiroz, Mortos pela ditadura em 1973, ambos foram alunos do Instituto de Geociências (IGc) na década de 1970 e também militantes do movimento estudantil da USP.

A homenagem faz parte do projeto Diplomação da Resistência, uma iniciativa da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP) e da vereadora paulistana Luna Zarattini (PT), em parceira com o Instituto de Geociências da USP.

As duas diplomações póstumas são as primeiras entre 33 homenagens que a universidade deve promover por meio do projeto para estudantes que foram assassinados pela ditadura militar. O objetivo, informou a instituição, é “reparar as injustiças e honrar a memória dos ex-alunos”.

“Diplomar estudantes que foram assassinados na ditadura significa reparar uma dívida histórica que a universidade tem com esses estudantes. Muitos deles se destacaram academicamente, politicamente e, por razões óbvias, não puderam finalizar seus estudos porque estavam mortos”, disse Renato Cymbalista, coordenador da Diretoria de Direitos Humanos e Políticas de Memória, Justiça e Reparação da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento.

TRINTA E TRÊS ALUNOS

Trinta e três alunos da USP e oito ex-alunos estão entre as vítimas fatais da Ditadura Militar. São eles Catarina Abi-Eçab, João Antonio Abi-Eçab, Fernando Borges de Paula Ferreira, Sergio Roberto Correa, Luiz Fogaça Balboni, Olavo Hansen, Luiz Eduardo da Rocha Merlino, Manoel José Nunes Mendes de Abreu, José Roberto Arantes, Francisco José de Oliveira, Carlos Eduardo Pires Fleury, Luiz Hirata, Ruy Vieira Berbert, Jeová Assis Gomes, Gelson Reicher, Ísis Dias de Oliveira, Arno Preis, Alexander Ibsen Veroes, Lauriberto José Reys, Lígia Maria Salgado Nóbrega, Antonio Carlos Nogueira Cabral, Boanerges de Souza Massa, Miguel Pereira dos Santos, Helenira Rezende Nazareth, Juan Carrasco Forrastal, Antonio Benetazzo, Aurora Nascimento Furtado, Alexandre Vannucchi Leme, Ronaldo Mouth Queiroz, Henrique Cintra Ferreira de Ornellas, Nelson de Souza Kohl, Wânio José de Matos, Wilson Silva, Issami Nakamura Okano, Luisa Augusta Garlippe, frei Tito Alencar (que se suicidou em razão das torturas que sofreu), Sueli Yumiko Kanayama, Jane Vanini, João Leonardo da Silva Rocha, Sidney Fix Marques dos Santos e Maria Regina Marcondes Pinto. (Permanecem desaparecidos os restos mortais de 15 desses estudantes e egressos da universidade.) A Comissão da Verdade (CV) da USP, colegiado oficial ad hoc cujo relatório final veio a público em 2018, após cinco anos de trabalho, mobilizou um robusto acervo documental, oriundo da própria universidade, do Arquivo do Estado (papéis do Departamento Estadual de Ordem Política e Social, DEOPS) e do Arquivo Nacional (papéis do Serviço Nacional de Informações, SNI).

 

Quem foi Lauri

Lauriberto José Reyes, o Lauri, nasceu em São Carlos no dia 2 de março de 1945 e morreu em São Paulo, no dia 27 de fevereiro de 1972, aos 26 anos. Ele foi um estudante da Universidade de São Paulo (USP) e guerrilheiro, militante da Aliança Libertadora Nacional (ALN) e do Movimento de Libertação Popular (MOLIPO).

Foi assassinado durante a ditadura militar brasileira, regime instaurado em 1º de abril de 1964 e que durou até 15 de março de 1985, e seu caso é investigado pela Comissão Nacional da Verdade (CNV)

Lauriberto José Reyes era ilho do fiscal sanitário José Reyes Daza Jr. e de Rosa Castralho Reyes.

Ele foi estudante da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e morador do CRUSP (Conjunto Residencial da USP), onde chegou a ser diretor cultura. Em outubro de 1968, foi organizador do 30° Congresso da UNE, em Ibiúna, no qual foi preso e solto no dia seguinte para ir ao enterro do pai em São Carlos, sua cidade natal.

Atuou como militante da Dissidência Estudantil do Partido Comunista Brasileiro de São Paulo (PCB/SP) até o surgimento da Aliança Libertadora Nacional (ANL). Em 4 de novembro de 1969, foi acusado de fazer parte do sequestro de um avião da Varig, que realizava o trajeto de Buenos Aires a Santiago, com outros oito membros da ANL.

Lauriberto começou como militante da Aliança Libertadora Nacional (ANL) e, em 1971, junto com mais um grupo de dissidentes da organização que havia efetuado treinamento de guerrilha em Cuba, criou o Movimento de Libertação Popular (Molipo).

Lauriberto fez parte do Grupo dos 28, ou Grupo da Ilha, ou, ainda, Grupo Primavera, que foram os 28 guerrilheiros que voltaram do treinamento em Cuba em 1971.

MORTE

Segundo relatos de uma nota policia, no dia 27 de fevereiro de 1972, Lauriberto José Reyes (ou Vinícius, como era conhecido) e Alexander José Ibsen Voerões entraram em um confronto armado com a polícia militar e agentes do DOI-CODI na rua Serra de Botucatu, no bairro do Tatuapé, na zona leste de São Paulo. Na verdade, todos foram executados pelos policiais.

HOMENAGEM

Em 1996, o nome de Lauriberto José Reyes foi dado a uma praça em São Carlos (SP). No Parque Santa Marta, na mesma cidade, uma outra praça recebeu seu nome. Em uma nova homenagem, a Câmara Municipal de São Carlos deu o nome de Lauriberto José Reyes a um centro da juventude, localizado no bairro Cidade Aracy. No local de sua morte, no Tatuapé, foi colocada uma placa de rua com seus nomes e seus rostos foram reproduzidos em estêncil pela região.

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