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Maternidade não afastará médicos e CRM recebe sindicância

08/06/2017 10h33 - Atualizado há 7 anos Publicado por: Redação
Maternidade não afastará médicos e CRM recebe sindicância

A Santa Casa de Misericórdia divulgou, na quarta-feira, 7, os resultados da sindicância que apuraram quatro mortes registradas na Maternidade Francisca Cintra Silva. O superintendente do hospital, Daniel Bonini, admitiu a quebra de protocolos nos atendimentos e enfatizou que os profissionais envolvidos nos casos não serão afastados. “Coletamos todas as informações a respeito dos prováveis motivadores das mortes das gestantes e que foram encaminhados ao Conselho Regional de Medicina (CRM). É o Conselho quem indicará se houve erro médico, então não iremos afastar os médicos, pois não há uma posição final do CRM e se tomarmos essa decisão, vamos cometer uma injustiça”, comentou Bonini.

A imprensa insistiu na pergunta sobre erro médico. Bonini explicou: “Nós não identificamos erros médicos, identificamos que os protocolos não foram seguidos e a situação precisa ser avaliada”.

O que são protocolos?

O coordenador da Maternidade, Humberto Sadanobu Hirakawa, explicou que os protocolos clínicos norteiam a conduta do atendimento. E enfatizou que o médico tem toda a autonomia nas decisões. Comentou que os protocolos analisam comportamentos generalizados e não a individualidade de cada paciente. “Alguns protocolos servem para racionalizar os processos de usos de medicamentos, por exemplo. Os protocolos são baseados em literatura científica e segui-los traz mais segurança ao paciente”.

Hirakawa afirmou que os partos têm o seu tempo de ocorrência e admitiu que há falhas nos procedimentos de pré-natal e internação. “Os procedimentos deveriam ser melhores explicados aos pacientes”, observou.

O presidente da Comissão de Saúde, vereador Lucão Fernandes (PMDB), ficou satisfeito com o resultado da sindicância, porém contrariado com a decisão de não afastar os médicos. “A cidade precisa de um local adequado, dentro do sistema público, desde o momento em que a família recebe a notícia da gravidez. Tenho informações que há o desejo de criação. Sobre as sindicâncias, elas evidenciaram que os profissionais não seguiram os protocolos e, na minha opinião, isso é uma falha. Então, que se tirem os profissionais da linha de frente do atendimento. As gestantes estão aterrorizadas, então essa decisão seria prudente”.

Os casos

Um bebê do sexo masculino, de 3,450 kg, morreu na última terça-feira, 6. No dia 22 de março, uma gestante de 26 anos morreu no hospital; o bebê foi salvo.

Em 8 de fevereiro, uma segunda criança sobreviveu, mas a mãe morreu por complicações na cesárea. Ainda em fevereiro, no dia 18, uma mulher de 28 anos morreu. Ela teve uma hemorragia.

 

Prima vai à coletiva e fala em erro da Maternidade

 

Na coletiva realizada no auditório da Santa Casa, houve uma cena inusitada. Durante a explicação da sindicância que apurou quatro mortes na Maternidade Francisca Cintra Silva, a prima de Talita Roberta da Silva, Andréa Inácio da Silva, fez um desabafo. Na noite anterior, a parente perdeu o primeiro filho, um bebê de 3,450 kg, que estava na 40ª semana de gestação. A família disse que registraria a suposta negligência de atendimento na Delegacia.

“Na terça, ela chegou para a consulta. Disse que não sentia o bebê, mas o médico assegurou que o coração batia. Agora, está com o bebê morto na barriga e a estão induzindo ao parto normal. Ela está muito nervosa e com dores”, desabafou.

Andréa assegurou que Talita passou pelo pré-natal e teve uma gravidez tranquila. “Estamos impotentes, nos sentindo um lixo. Nem um cachorro deve ser tratado dessa maneira”, prosseguiu.

O coordenador da Maternidade Francisca Cintra Silva, Humberto Hirakawa, explicou sobre o ocorrido com Talita. Até a entrada de Andréa ao auditório em que a imprensa estava presente, a Santa Casa ratificava que não falaria sobre o assunto naquele momento. “Sobre a gestante em questão, o óbito fetal foi diagnosticado ontem [terça-feira]. Ela chegou com o feto em óbito, confirmo que ela passou em consulta pela Maternidade em outros momentos e o feto estava vivo, vamos apurar as responsabilidades numa sindicância e medidas serão adotadas com relação a isso”.

Assistência

Hirakawa ratificou que a Maternidade prestou todos os atendimentos necessários. “Dentro de nossa capacidade procuramos dar a assistência mais humanizada possível para essa gestante, em nenhum momento a abandonamos, se a família teve essa sensação, reforço que estou à disposição para qualquer tipo de esclarecimento”. Andréa ponderou que o coordenador da Maternidade foi prestativo no atendimento.

Humberto Hirakawa classifica como ‘crença’ o fato de a sociedade encarar as cesáreas como procedimentos seguros. “A cesárea é um procedimento seguro e que deve ser usada como opção ao nascimento, mas ela é uma cirurgia e tem especificações restritas para acontecer, as cirurgias desnecessárias são responsáveis pelo quadro atual vivenciado, é preciso entender porque isso vem ocorrendo. Temos que mostrar para a gestante e os seus familiares que o parto natural é o mais adequado e que traz menos risco tanto para as mães quanto para o seus bebês. Não se pode usar a cesariana como método de fuga da dor”, explicou.

Mãe foi exemplar 

A Secretaria de Saúde confirmou que Talita Roberta da Silva fez o pré-natal na Unidade Básica de Saúde do Maria Stella Fagá. A pasta salientou que a mãe teve “conduta exemplar” durante as 39 semanas de acompanhamento gestacional.

A Santa Casa de São Carlos informou que Talita optou pelo parto natural, mesmo com a morte do bebê, e recebia medicamentos para o processo.

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