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Medicina encerra greve e alunos mostram insatisfação

07/06/2013 07h57 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
Medicina encerra greve e alunos mostram insatisfação

Os alunos do 1º ao 4ª ano do curso de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) que protestavam pela falta de estrutura acadêmica e a impossibilidade de aulas práticas por parte do sistema municipal de saúde, anunciaram, após 82 dias, o fim da greve que promoviam desde o dia 15 de março deste ano.

Os manifestantes afirmam que, pela presente situação, ainda não satisfatória, continua a “paralisação simbólica” do curso, sendo necessárias providências e o posicionamento dos órgãos responsáveis, neste caso, a Reitoria da universidade e o Ministério da Educação.

Veja na íntegra a carta escrita e encaminhada pelos alunos do curso de medicina

 

O caso da medicina UFSCar: do descaso à exaustão

 

São Carlos, 05 de junho de 2013.

 

Em assembleia realizada no dia 4 de junho de 2013 os estudantes de medicina da UFSCar decidiram dar fim à greve que já durava 82 dias. Estiveram presentes 88 alunos dos quais 49 votaram pelo fim da greve, 18 foram contrárias e contrários e houve 21 abstenções. No entanto é consenso entre todos os alunos que as condições mínimas para a realização de um curso de medicina de qualidade não foram conquistadas.

O movimento esbarrou em todo tipo de burocracia e morosidade dos órgãos públicos e somos reféns desses processos para retornar às atividades.

O que nós vivemos é o reflexo de uma política de sucateamento e precarização da saúde pública e da educação. No futuro o Brasil sofrerá as consequências dessas medidas na qualidade do atendimento de saúde que a população receberá.

O curso foi paralisado devido à falta de preceptores (médicos da rede que acompanham e orientam a prática profissional dos alunos) e 82 dias depois, tendo conseguido aprovar uma lei municipal para finalmente abrir o edital de contratação desses profissionais, estamos parados, pois as condições do contrato são precárias e vexatórias.

O resultado é que quase nenhum médico da cidade de São Carlos aceita ser preceptor do curso de medicina da UFSCar porque esse emprego lhes paga 21,48 por hora, ou aproximadamente 19 reais com os descontos. E também porque mesmo com esse valor, muitos já trabalharam por anos sem receber um centavo.

A greve estudantil chegou ao fim porque com 82 dias de luta, 21 dias apitando incessantemente na frente da reitoria, 53 dias pendurando 160 jalecos num varal às 8 da manhã e os retirando às 18 horas (e só paramos porque começaram a passar graxa nos fios do varal), depois de uma manifestação no portal principal da UFSCar, uma passeata pelas ruas de São Carlos, 5 semanas indo à plenárias na câmara municipal para aguardar que a lei dos preceptores  fosse aprovada, um enterro dos nossos sonhos – 160 cruzes fincadas em frente à reitoria, na praça da bandeira – e duas reuniões em Brasília com o MEC, o que conseguimos é ouvir que ninguém sabe como resolver nosso problema. Querem sugestões dos alunos. Dos alunos! Mas na verdade não querem uma sugestão, querem um milagre. Resolver um problema de ordem financeira sem gastar dinheiro, sem melhorar as condições de trabalho de preceptores e docentes.

Estamos hoje sem hospital escola, sem prédios e laboratórios, que estão atrasados há anos, numa política que não pode se dar ao luxo de planejar e garantir uma estrutura antes de abrir um curso. Numa política educacional de criar cursos sem investimentos. O que o Brasil não pode se dar ao luxo é de formar médicos de forma tão irresponsável, pois isso não está acontecendo apenas em São Carlos, mas no país todo. Saúde não é luxo.

Por tantos empecilhos e provas da incapacidade da universidade, do departamento e do Ministério da Educação de criar condições adequadas, e mínimas, para o ensino da medicina os alunos pedem que o curso seja fechado para evitar que outros estudantes entrem numa estrutura que não é compatível com o ensino da medicina. Não queremos ser coniventes com a negligência na formação dos futuros médicos do Brasil. Por isso os alunos exigem que as providências para garantir uma formação daqueles que já estão matriculados sejam tomadas, por realocação em outras universidades públicas, dessa vez com qualidade.

Parabéns UFSCar, parabéns São Carlos. Após 8 anos vocês ainda não têm um curso de medicina.

Estudantes de medicina do 1º ao 4º ano.

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sergio
sergio
10 anos atrás

Este é o retrato da administração dos senhores Newton Lima e Oswaldo Barba, só se preocuparam com o impacto político que o Hospital traria para suas campanhas políticas e não se preocuparam com a infra estrutura do curso!!

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