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Mesmo com frio, moradores de rua resistem a abrigos

24/07/2013 22h20 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
Mesmo com frio, moradores de rua resistem a abrigos

A madrugada mais fria dos últimos 13 anos na região pegou muita gente de surpresa. Com a aproximação de uma frente fria polar que veio intensificar o inverno no Sul e Sudeste do País as temperaturas despencaram também na cidade de São Carlos. Quem sofreu bastante com as mudanças climáticas repentinas foram os moradores de rua. Entretanto, mesmo com temperaturas registradas próximas de 5°, muitos se mostram resistentes ao recolhimento noturno feito pelo Albergue Municipal São Vicente de Paulo. 

 

Arnaldo Sérgio Malaquias, coordenador do albergue, informou que de terça para quarta-feira 42 pessoas pernoitaram no albergue, sendo que a lotação máxima é de 60 abrigados. “Esse número é baixo, já que em dias de muito frio temos uma média de 55 pessoas pernoitando no abrigo”. Malaquias observou que em dias de temperaturas muito baixas o serviço de ronda é intensificado, mas mesmo assim a resistência por parte dos andarilhos é muito grande. “Em nossas rondas encontramos muitas pessoas nas ruas, mas eles se negam a ser recolhidos. Nestes casos nós oferecemos cobertores, pois não podemos obrigá-los a pernoitar no abrigo”.

Ele disse que a justificativa dada pelos andarilhos é a questão da liberdade. “Eles desejam aquela falsa liberdade. Por outro lado existem aqueles que chegam sozinhos e pedem por instalação no albergue”.

Um dos casos encontrados pela reportagem foi o do trecheiro Antônio Marcos de Quadros, de 38 anos, que passou a noite nas proximidades do cemitério Nossa Senhora do Carmo. Ele relatou que a noite na rua foi muito difícil. “Essa noite foi difícil, só não morri de frio porque corri para perto do velório. Eu não tenho calça, nem sapato, estou só com esses shorts e esse chinelo. Passei muito frio”.
Questionado sobre o motivo de não aceitar ser recolhido no albergue, ele comentou que prefere sua liberdade. “Não quero ir para abrigo nenhum, logo estou em outra cidade e assim vou seguindo meu caminho”, respondeu Quadros.

Nas proximidades da Estação Ferroviária outros moradores de rua foram encontrados. Um deles, Clóvis Alves, disse que a vida nas ruas foi uma escolha e eles não têm interesse em ir para albergue e nem para o Creas-Pop (serviço socioassistencial do Centro de Referência Especializado de Assistência Social para a População em Situação de Rua). “Eles querem levar a gente, mas nós não queremos ter regras, ter que levantar cedo, obedecer as pessoas. Essa noite mesmo eles passaram para tentar nos levar, mas não quisemos. Tem as pessoas que nos dão cobertas, para nós está muito bom”.

Mesmo com a resistência, Alves afirmou que a noite foi muito fria. “Estava frio demais, mas nós temos uns cobertores, deu para passar a noite”.

 

Albergue noturno recebe doações de roupas

Uma forma de ajudar o Albergue Municipal São Vicente de Paulo é com doações de roupas. O coordenador Arnaldo Sérgio Malaquias salientou que a maior necessidade é relacionada a roupas masculinas e, com o inverno, peças de frio são muito bem vindas.

Além disso, Malaquias informou que as pessoas podem ajudar se encontrarem alguém pelas ruas sem abrigo. “Se alguém vir um morador de rua, pode ligar para o albergue a partir das 17h. Nós fazemos o recolhimento, oferecemos jantar, banho quente, quarto e café da manhã”.

O albergue fica na rua Rotary Clube, nº 101 – Vila Marina. Fone – 3361-1267.

 

 

 

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