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O homem que mostrou a outra história

03/11/2013 12h20 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
O homem que mostrou a outra história

Em 2002, o advogado José Roberto de Andrade Paino lançou o livro “Matizes de uma Luta”, onde mostrava o surgimento do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Carlos e Ibaté em 1961 como resposta à exploração a que os trabalhadores da época eram submetidos. A obra causou grande polêmica à época e questionou a história oficial que só relatava, até então, maravilhas promovidas pela Família Pereira Lopes, que comanda a IPL (Indústrias Pereira Lopes), produtora da geladeira Clímax, e da CBT (Companhia Brasileira de Tratores).

 

Segundo Paino as reuniões que gestaram a entidade sindical eram feitas nos porões da Catedral com as bênçãos do padre Antonio Tombolato. Em 1968, o sindicato teve seu grande embate na luta dos trabalhadores do Frigorífico São Carlos do Pinhal pelo recebimento de seus direitos. A empresa, da família Fialdini, não pagava os salários de seus 460 funcionário havia meses. Uma passeata foi reprimida pela Ditadura Militar e São Carlos foi cercada pelas forças armadas, sendo que vários líderes do movimento foram presos. 

Paino nasceu em São Carlos no dia 14 de novembro de 1938, filho do advogado João Baptista Paino e da professora Clotilde. “Nasci na rua 7 de Setembro no antigo número 73”. Ele relata que sua infância foi marcada por visitas diárias à escola. “Minha mãe ia dar aulas e me levava. Aos cinco anos eu já era alfabetizado”.

Depois disso, Paino sempre estudou na Escola Álvaro Guião, onde cursou o primário, ginásio e científico. Em 1960 foi para a Faculdade de Direito da PUC de Campinas. Porém, como escrevia no jornal do Centro Acadêmico críticas e reivindicações, que incluíam reforma agrária e outras lutas da época, o jovem Paino foi convidado a sair da universidade, sendo transferido para uma Faculdade de Bauru. “Na juventude eu era um meia clássico, craque de bola mesmo, mas minha mãe me proibiu de ir treinar na Ferroviária”.

Paino se formou em 1966 e voltou para São Carlos. A primeira luta jurídica foi contra a Prefeitura Municipal, que havia desapropriado a Fazenda Trancham para a criação da UFSCar, mas não pagou as rescisões trabalhistas dos 52 funcionários da fazenda, que ficaram desempregados. “Entramos na Justiça e todos receberam”.

O jeito inquieto, a fala clara e o idealismo fizeram Paino entrar na política. Ele foi candidato pela primeira vez em 1968 e foi vereador de 30 de novembro de 1970 a 31 de dezembro de 1988.

Atualmente, Paino é divorciado e pai da farmacêutica bioquímica Ieda e da professora de Educação Física, Roberta. Sobre São Carlos, ele diz que é uma cidade maravilhosa. “Adoro São Carlos, é a melhor cidade do mundo para se viver, mas tem ainda problemas na saúde e educação que precisam ser resolvidos”. Pelo jeito, aos 75 anos, Paino continua o mesmo contestador de sempre.

 

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