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Operários fazem piquete em obra por falta de salário

16/02/2013 11h41 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
Operários fazem piquete em obra por falta de salário

Um grupo de 13 pintores da construção civil interditou, por cerca de uma hora nesta sexta-feira, 15, a entrada de uma obra da Trisul na Vila Nery, alegando atraso de 60 dias no pagamento, que deveria ter sido feito pela empresa terceirizada JR Cordeiro Pinturas.

 

Segundo o operário Ricardo Sartori, ele veio de Campinas no meio de dezembro, contratado pela JR Cordeiro Pinturas. Os pintores iniciaram o trabalho na obra. Por falta de estrutura da empresa contratante o serviço perdeu produtividade e a empresa foi dispensada pela Trisul. “Nesse período não houve pagamento de salário e ficamos vivendo de vales”, disse.

Outro pintor, Tiago Souza, afirmou que eles não conseguem nem mesmo voltar para casa e ficaram alguns dias com comida racionada e sem café da manhã. “No alojamento não tem fogão para que a gente pudesse improvisar”, relatou.

Sartori relatou que nesse período pelo menos uns sete dias não houve entrega de comida no alojamento e muitos operários ficaram sem o café da manhã nesta última semana.

O gerente de obras da Trisul, Evaldo Dantas Rosa, afirmou que a empresa vai assumir a dívida trabalhista da JR e acertar até a próxima sexta-feira todos os salários e encargos trabalhistas, mas que antes desse período não há como pagar os funcionários.

“Nós avisamos ao Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Carlos e pretendemos fazer o acerto na sede do sindicato dentro do que a lei trabalhista estabelece”, afirmou.

Ele também afirmou que a empresa JR, contratante, irá arcar com todas as refeições do grupo até que eles recebam o salário e o acerto dos encargos trabalhistas.

O representante da JR, conhecido como Júnior Cordeiro, afirmou que no momento não tinha o que declarar. E na conversa com Dantas Rosa aceitou pagar as refeições do grupo de operários.

No alojamento onde estão nove dos 13 trabalhadores, já que quatro são de Ibaté e não ficam na cidade, não tem cama para toda a equipe e cinco dormem em colchões no chão.

Outro problema identificado pelos operários é a falta de produtos de limpeza para a manutenção do alojamento. Ontem, Dantas Rosa enviou alguns produtos para contornar a situação. “Esse tipo de problema e comum dentro da construção civil”, afirmou.

Segundo acordo entre operários e a Trisul, ontem sairia uma lista com os valores de cada operário e na próxima semana uma reunião será agendada na sede do sindicato.

A reportagem do Primeira Página procurou o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, mas não encontrou os representantes.

A Polícia Militar foi acionada pela Trisul e foi feito um boletim de ocorrência do fato.

 

Faltam fiscais para atender demanda da construção civil, diz Morillas

O delegado da regional do Ministério do Trabalho, Antônio Valério Morillas Júnior, disse que por falta de fiscais na regional, muitos casos acabam não sendo investigados. “Infelizmente estamos com uma equipe reduzida”, disse.

Entretanto afirmou que pretende enviar uma equipe na obra e no alojamento na próxima segunda-feira para averiguar a real situação dos operários. Pelos relatos e datas que os operários afirmaram terem sido demitidos (dia 7 de fevereiro), o acerto tem de acontecer já na segunda-feira sob risco de a empresa pagar multa por descumprimento da legislação.

“As condições de falta de salário e falta de alimentos, como foi relatado pelos operários, serão investigadas e podem configurar trabalho análogo ao escravo. A partir da confirmação dessa hipótese, a situação da empresa contratante pode complicar. No caso de falta de cama no alojamento, já mostra um delito grave”, relatou.

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