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Promotor no banco dos réus

Começa amanhã júri popular que vai julgar Thales Ferri Schoedl que matou o jogador de basquete há quase 20  anos

02/06/2024 00h14 - Atualizado há 2 meses Publicado por: Redação
Promotor no banco dos réus Diego Modanez, então com 20 anos e seus pais, Sônia e Fábio Pira: a espera de Justiça

Marco Rogério

O assassinato brutal por motivos banais que aconteceu há quase 20 anos, e que teve repercussão em todo o país por muito tempo, deve ter, nesta próxima semana, o seu capítulo final. Começa amanhã, no Fórum Criminal de Bertioga (SP), no litoral paulista, às 10h, um júri popular histórico. Será julgado pelo homicídio de Diego Modanez, jogador de basquete de 20 anos, o ex-promotor de Justiça,  Thales Ferri Schoedl.

Era noite de 30 de dezembro de 2004, portanto véspera de réveillon, quando um novato promotor de justiça de São Paulo, então com 26 anos, disparou com sua pistola .380 contra um grupo de jovens que, segundo sua versão, teriam chamado de “gostosa” a sua namorada, de 19 anos, no badalado condomínio da Riviera de São Lourenço, em Bertioga, na Baixada Santista, deixando um morto e um ferido.

O tiros de pistola automática foram disparados por Thales Ferri Schoedl. A vítima fatal chamava-se Diego Mendes Modanez, um jogador de basquete, e o sobrevivente era o estudante Felipe Siqueira Cunha de Souza, ambos com 20 anos, moradores do interior paulista que passavam férias à beira-mar. Diego morava em São Carlos e era filho da comerciante Sônia Modanez e de Fábio Pira, ex-craque do time de basquete do Vasco da Gama (RJ) e da Seleção Brasileira.

A partir do crime bárbaro, uma verdadeira celeuma se instalou e por uma década e meia o caso teve várias reviravoltas, com o jovem promotor sendo preso em flagrante e posteriormente solto, exonerado do Ministério Público, para depois ser readmitido, para, por fim, ser desligado definitivamente da instituição.

 

Absolvição, expulsão e desfecho no STF

Dentro desta verdadeira novela tupiniquim, Schedl foi absolvido, em 2008, por 23 votos a 0 pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), já que tinha foro privilegiado à época do crime por ser integrante do MP, decisão revertida 10 anos depois, em 2018, pelo ministro Dias Toffoli, do STF, que determinou a realização de um júri popular para Schoedl, visto que ele já não era mais promotor e que, portanto, não tinha vitaliciedade de tal prerrogativa por ter sido expulso do órgão. O julgamento do acusado ocorrerá no Fórum Criminal de Bertioga, município que foi palco do crime.

O assistente de acusação, o advogado criminalista Pedro Lazarini Neto, afirma que para o afastamento de Schoedl do Ministério Público foram realizadas cerca de 30 audiências. “Quando cometeu o assassinato de Diego, o promotor Schoedl tinha apenas um ano e dois meses como promotor. Estava em período. Quanto ao seu afastamento da instituição, ela nem se deu pelo homicídio que ele cometeu, mas sim pelo baixo rendimento, pois ele faltava muito do trabalho. Ele foi afastado pelo Conselho Nacional do Ministério Público, em Brasília”, explica Lazarini.

Segundo o advogado, a missão foi complicada, pois para afastar o réu do Ministério Público foi necessário lutar contra o forte corporativismo que existe no Ministério Público.

A mãe de Diego, Sônia Modanez, que lutou desde o início pelo julgamento de Schoedl em júri popular, comemorou a definição do júri popular. “É com grande emoção que passo essa notícia tão esperada para o Mundo inclusive para os São-Carlenses , foi uma espera árdua que me parecia impossível de ter justiça”, afirma ela.

O médico Wilson Pereira de Souza, pai de Felipe Siqueira Cunha de Souza, o rapaz que sobreviveu aos tiros disparados por Schoedl, também espera a condenação do promotor.

 

 

 

 

 

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