Santa Casa de São Carlos alerta para dificuldade de obter anestésicos necessários à intubação de pacientes
Segundo o secretário Municipal de Saúde, Marcos Palermo, em parte a falta de anestésicos poderá ser resolvido nesta semana
Em plena pandemia, hospitais pelo Brasil registram falta de insumos básicos, alguns fundamentais, como os anestésicos para pacientes que estão nas UTIs, e está relacionado ao aumento de intubações de pacientes com Covid-19.
Assim como em vários hospitais pelo Brasil, a Santa Casa de São Carlos sentiu os impactos da falta do medicamento, explicou o provedor Antonio Valério Morillas Jr, em entrevista na semana passada no programa Fala São Carlos. “Atualmente, é uma dificuldade em todo o País que os hospitais estão enfrentando, que são a falta de anestésicos para cirurgias. Por causa disso, as cirurgias eletivas que estavam previstas foram suspensas”, comentou.
Segundo o provedor Morillas, muitas reclamações nas redes sociais de pacientes de São Carlos, seja de baixa ou alta complexidade, estão sendo afetados com essa falta desses insumos básicos para cirurgias. “Estamos acompanhando as reclamações nas redes sociais de pessoas que não estão tendo sua cirurgia, infelizmente não existe anestésicos e relaxantes musculares para cirurgias no mercado”, ressaltou.
Como por exemplo, o caso do sogro da ouvinte do programa Fala São Carlos, Ana Paula Vais da Silva, que relatou sobre a não realização da sua cirurgia. Veja no box o caso do paciente Ademir Zabotto.
Esperança
O secretário Municipal de Saúde, Marcos Palermo, relatou em entrevista ontem (11) ao apresentador Luis Morelli, do programa Fala São Carlos, que já entrou em contato com a Santa Casa e que foi informado de que os anestésicos do hospital foram confiscados pelo Ministério da Saúde. “Nós fomos até a Santa Casa, entramos em contato com o hospital e fomos informados que as compras de anestésicos do hospital haviam sido confiscadas pelo Ministério da Saúde. Entramos em contato com os fornecedores e eles nos confirmaram isso, relatando que houve o confisco, mas que faria de tudo para fornecer pelo menos uma parte de anestésicos”, explicou.
Ele disse que sem os anestésicos, deixa a situação ainda mais preocupante, devido a dificuldade de proporcionar atendimento correto na urgência e emergência da Santa Casa. “Com a falta desses medicamentos não conseguimos proporcionar um atendimento correto, então já entramos em contato com o Ministério da Saúde, também notificamos o Departamento Regional de Saúde, que está se mobilizando para ajudar o hospital para que se abasteça esse estoque e volte à normalidade. Se o hospital ficar sem esses medicamentos, nós podemos colocar pessoas em iminência de risco de vida”, ressaltou.
Segundo Marcos Palermo, a expectativa é de que alguns lotes de um fornecedor, que foi consultado pela Secretaria, cheguem nesta semana, mas não irá conseguir atender na totalidade a falta desses medicamentos. Mas, irá ajudar pelo menos a retomar algumas cirurgias que estão programadas para esse mês, que são 30.
O secretário Palermo acredita que até sexta-feira o município terá uma melhora nos estoques dos medicamentos anestésicos na Santa Casa. “Até sexta-feira nós teremos uma melhora nos estoques, para que consigamos não só atender os casos de urgência e emergência na Santa Casa de São Carlos, como por exemplo casos de parada cardíaca entre outros casos. Assim, com essa melhora poderemos atender também as cirurgias de média e baixa complexidade”, finalizou.
Em falta no mercado
Em nota, a Santa Casa de São Carlos afirmou que os medicamentos fundamentais para intubação, sedação e para alguns tipos de cirurgia de urgência e emergência e cirurgias eletivas estão em falta no mercado. A Santa Casa notificou todos os órgãos competentes no dia 25 de junho e ainda aguarda um posicionamento do Ministério da Saúde. O hospital tem se esforçado para atender alguns casos oncológicos, mas a quantidade disponível em estoque é insuficiente até para atender os casos de urgência e emergência.
A Santa Casa informou que está tomando todas as providências cabíveis para resolver o problema da Instituição. Um grupo de profissionais composto pelo Diretor Técnico, Gerência Médica, Médicos Cirurgiões e Equipe de Enfermagem tem se reunido diariamente para discutir sobre como viabilizar alguns procedimentos. As cirurgias que não dependem de anestésicos, são realizadas de acordo com a prioridade.
O hospital está com os estoques em estado de alerta, pois até os medicamentos mais acessíveis, sofreram uma alta no preço. O estoque que estava previsto para chegar nas próximas semanas, foi suspenso pelo Ministério da Saúde.
A Santa Casa, neste momento, aguarda a confirmação de um fornecedor sobre a possibilidade de entrega nos próximos dias. Mas, se isso acontecer, a quantidade ainda será insuficiente para atender todas os pacientes que aguardam por uma cirurgia.
É importante ressaltar que a Santa Casa não tem medido esforços e tem feito de tudo, dentro das possibilidades, para normalizar o abastecimento do estoque de medicamentos.
Caso paciente Ademir Zabotto
Ana Paula conta que o sogro, Ademir Zabotto, estava fazendo a cirurgia de cataratas, em Américo Brasiliense, e os médicos durante a cirurgia viram uma mancha no rosto dele, e encaminhou para a dermatologista da cidade, tudo isso aconteceu antes da pandemia. Os médicos, quatro meses atrás, retiraram dele um melanoma muito profundo, na sequência fez a biópsia e o resultado foi de que poderia ter metástase.
Agora, dois meses atrás, ele começou a reclamar de dores na coluna, sem nenhuma causa aparente, e ficou internado no Hospital Escola, e depois foi transferido para Santa Casa, quando ficou internado quase 10 dias. Na ocasião fizeram exames e descobriram que tem duas hérnias, mas como ele retirou um tumor do rosto, o médico disse que precisaria realizar uma cirurgia para verificar se tem ou não metástase.
Então, o médico pediu para fazer a cirurgia com urgência, mas a Santa Casa de São Carlos, se nega a fazer, alegando que só tem anestesia para casos de urgência e emergência. Mas o médico já atestou que ele não pode ficar esperando a cirurgia, porque o caso dele é urgente.
