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“Somos agentes para desmontar a violência”, diz diretora de ensino

02/07/2013 11h28 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
“Somos agentes para desmontar a violência”, diz diretora de ensino

Diretora de ensino da região de São Carlos, Débora Blanco é responsável pela educação das escolas estaduais em cinco cidades (Corumbataí, Descalvado, Itirapina, Ribeirão Bonito, Dourado, Ibaté e São Carlos) que, juntas, reúnem cerca de 5 mil professores de todas as categorias e possuem 27 mil alunos.

 

Em entrevista ao Primeira Página, ela fala sobre a violência que professores sofrem nas escolas, inclusive sobre o caso de Simone Lima, professora morta em uma escola de Itirapina no dia 11 de março deste ano. Sobre isso, ela diz: “A questão de Itirapina é um caso a parte por ter sido passional: o aluno alimentou uma ilusão de que poderia ser namorado dela. Então não entra nesses casos que nós vamos falar”.

A diretora enxerga a violência como um problema social: “A sociedade como um todo está muito violenta. Ela está dentro dos lares, veja o caso que ocorreu em Santa Eudóxia (ela se refere ao assassinato de José Laureano Filho pela própria esposa, no último dia 27)”.

Como resposta à essas circunstâncias, ela afirma ser necessário a aproximação com os alunos: “Temos que enfrentar isso. Somos escola pública, temos que querer os alunos, fazer ações para cativá-los, e não uma ação de expulsão, querer apenas alunos bons”.

Segundo ela, a escola precisa desenvolver junto aos jovens valores e o senso de solidariedade na tentativa de diminuir a violência na sociedade: “Mas tem que ser na escola. Nós somos os agentes para desmontar isso”, afirma.

Para ela, é necessário desfazer o que chama de circuito de violência: “E não é tratando com mais violência que se faz isso”.

No entanto, ela salienta: “Mas, claro, se houver necessidade de aplicar penalidade nós também temos instrumentos, como a suspensão, a transferência compulsória, o Conselho Tutelar”.

E arremata: “É fácil falar em violência contra o professor, mas as crianças também estão sofrendo violência dentro de casa”.  

 

“Cada aluno tem a sua necessidade”, afirma Débora

Além de falar sobre violência, a diretora de ensino de São Carlos também analisou o papel da família e projetos que visam aproximar pais e instituições de ensino. Sobre os limites entre o papel da escola e o da família na educação, ela diz: “Não é possível identificar esse limite, pois cada aluno tem a sua necessidade”.

Como exemplo, ela afirma que existem famílias plenamente conscientes de qual o seu papel, mas outras que não compreendem sua própria função: “Existem famílias que abandonam a criança ou o adolescente, e nós, enquanto educadores, vamos assumindo esses papéis”.

Em casos mais graves ela afirma que a justiça, o Ministério Público e o Conselho Tutelar são acionados: “Nós fazemos muito isso, para chamar os pais às suas responsabilidades,”.

Segundo ela, algumas escolas já chegaram a mandar lista de 90 alunos para que o Conselho Tutelar entrasse em contato com os pais: “São casos de alunos que não vão à escola, que chegam mal alimentados, sujos, doentes”. Descreve um caso em que, indo até a casa dos alunos, descobriram que os pais haviam ido embora, tendo abandona os filhos: “E foi a escola que foi lá, pois percebemos que estavam sujos, que iam comer desesperadamente na escola”.

Débora Blanco cita como exemplo de esforço para aproximar pais e instituição o programa Escola da Família, do qual faz parte o Professor Mediador. E ela explica: “Temos 30 escolas de ciclo II Ensino Médio e 27 professores mediadores. São pessoas que ficam a jornada de trabalho inteira trabalhando com os alunos e com os outros professores”.

A formação dos professores mediadores se dá por meio de 10 palestras ministradas pelo juiz Paulo César Scanavez: “Ele fala sobre o papel da família, das instituições. A conversa vai desde o nascimento da criança até cuidados da maternidade, da infância, da adolescência, sexualidade, importância de ajudar nos estudos”, explica Débora.

Segundo ela, em todo semestre são montados pelo menos duas turmas, que funcionam à noite: “E chamamos os pais para participar”, complementa.

 

 

ESCOLA DA FAMÍLIA – O Programa Escola da Família foi criado em 2003 pela Secretaria de Estado da Educação. Segundo o governo de Estado, ele proporciona a abertura de escolas da Rede Estadual de Ensino, aos finais de semana, com o objetivo de criar uma cultura de paz, despertar potencialidades e ampliar os horizontes culturais de seus participantes.

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