Meio ambiente

UFSCar aposta em resíduos orgânicos para avançar na transição energética e reduzir impactos ambientais

Iniciativa utiliza sobras do Restaurante Universitário e material vegetal do Campus/Freepik

A UFSCar está desenvolvendo um projeto inovador que transforma resíduos orgânicos em energia renovável, posicionando o Campus São Carlos na linha de frente da transição energética no ensino superior brasileiro. A iniciativa, coordenada pelos docentes Fábio Bentes Freire e Paula Rúbia Ferreira Rosa, do Departamento de Engenharia Química (DEQ), propõe converter restos de alimentos do Restaurante Universitário e biomassa de podas das áreas verdes em biogás e biometano — combustíveis capazes de substituir o gás natural fóssil em aquecimento, geração de eletricidade e até abastecimento veicular.

Mais do que dar destino adequado a resíduos hoje subaproveitados, o projeto busca estruturar um modelo energético circular, capaz de reduzir custos operacionais e emissões associadas à coleta, transporte e disposição final desses materiais.

Atualmente em seu segundo ano, a pesquisa combina experimentos em laboratório, análises econômico-ambientais e estudos de viabilidade técnica. A equipe investiga a biodigestão anaeróbia — processo em que microrganismos degradam matéria orgânica sem oxigênio — testando diferentes combinações de substratos e condições operacionais para maximizar a produção de biogás.

Freire destaca que o estudo acompanha um movimento global de descarbonização. “Queremos demonstrar que os resíduos orgânicos podem gerar energia local e sustentável, reduzindo impactos ambientais. Nossa meta é avaliar, com rigor, se esse modelo pode ser ampliado dentro da UFSCar e, futuramente, replicado por outras instituições”, explica.

O projeto também inclui modelagem, simulação e análise de ciclo de vida, seguindo protocolos internacionais, além de integrar o planejamento energético do campus. Nesse contexto, a equipe analisa a combinação entre energia solar fotovoltaica e biogás — estratégia que pode aumentar a estabilidade e a autonomia do sistema energético da Universidade.

Freire reforça que os resultados vão além da tecnologia. “Trabalhamos para oferecer bases sólidas de decisão. A adoção de energia renovável exige visão de longo prazo, investimento e métricas claras. Nosso papel é mostrar se esse caminho é ambiental, técnica e economicamente sustentável para a Universidade”, afirma.

A pesquisa já rendeu apresentações em eventos nacionais e internacionais e artigos que estão sendo finalizados. O projeto também fortalece a formação acadêmica, envolvendo estudantes de iniciação científica, TCC e pós-graduação.

Para o pesquisador, essa dimensão formativa é estratégica. “Construir uma cultura que enxergue o resíduo como recurso é tão importante quanto os resultados técnicos. Estamos preparando profissionais capazes de enfrentar os desafios reais da transição energética”, destaca.

Parcerias institucionais, técnicas e científicas podem ser estabelecidas pelo e-mail [email protected]. O projeto é financiado pelo CNPq (Processo nº 403133/2023-8) e conta com a colaboração da UTFPR, IEE/USP, UEL e University of British Columbia (Canadá).

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