UFSCar realiza III Seminário de Saúde Mental Infanto-juvenil
O Laboratório de Saúde Mental do Departamento de Terapia Ocupacional da UFSCar realiza entre esta quinta-feira, 12 e sexta-feira, 13, o III Seminário de Saúde Mental Infanto-juvenil. “O que disparou a realização do evento e a continuidade dele foi a minha pesquisa de doutorado”, explica a professora Maria Fernanda Barboza Cid, uma das responsáveis pelo Seminário.
Nessa pesquisa, finalizada em 2011, ela fez um estudo de prevalência de problemas escolares e de saúde mental infantil. Participaram do estudo 321 crianças de cinco escolas públicas municipais localizadas em bairros periféricos: “Fizemos um levantamento e aplicamos questionários padronizados de avaliação de saúde mental e de fatores de risco ligados a essa problemática, como a saúde mental do responsável pela criança”, diz Maria Fernanda.
O que a pesquisa apontou foi um índice que a pesquisadora define como “bastante preocupante”: 43% apresentaram algum transtorno, e necessitariam de acompanhamento em saúde mental. Segundo a professora Thelma Simões Matsukuna, orientadora do doutorado e também responsável pelo Seminário, esse índice é muito mais alto do que o nacional.
Segundo Maria Fernanda, estimativas mundiais dão conta de que entre 20% e 25% das crianças apresentam problemas de saúde mental: “E no Brasil estudos têm confirmado esses índices mundiais. Encontramos os 43% usando instrumentos semelhantes de pesquisa, e esse número nos assustou bastante”, revela a autora do estudo.
Diante desse resultado, a pesquisadora viu a necessidade de colocar o tema em pauta, daí a organização do Seminário.
Ela explica que foi utilizado um instrumento de rastreamento de sintomas sócio-emocionais em crianças: “Então não fizemos diagnósticos de transtorno”.Segundo a professora Thelma, esse instrumento mostrou onde é que a criança tem mais dificuldades; e essas dificuldades se revelaram na forma de agressividade, isolamento, agitação excessiva, e dificuldade de se relacionar socialmente.
Maria Fernanda salienta que embora precise de acompanhamento em saúde mental, não significa necessariamente que as crianças estejam doente: “Significa que elas têm grande chance de desenvolver alguma doença e que precisam de atenção”.
VARIÁVEIS
O estudo também observou alguns fatores que são apontados como prejudiciais ao desenvolvimento da saúde mental: “Dentre esses fatores, a Fernanda estudou a saúde da mãe ou do cuidador principal da criança”. Essa parte da pesquisa revelou que pelo menos 60% dos responsáveis apresentaram algum tipo de transtorno.
“Ou seja, as crianças estão em risco e as mães também estão precisando de atenção”, conclui a professora Thelma.
O Seminário
O III Seminário de Saúde Mental Infanto-juvenil acontece nesta quinta, das 8h às 18h, e nesta sexta das 9h às 12h, no Anfiteatro Bento Prado Junior, na UFSCar. O evento conta com palestras, mesas-redondas e apresentação de trabalhos. Foram convidados representantes das secretarias municipais de saúde, infância e juventude, cidadania e assistência social e de educação e cultura.
Segundo as professoras, o evento vem crescendo a cada edição, com participantes da academia, mas também com profissionais que atuam diretamente em unidades de saúde ou escolas.