Unicep debate legislação no Projeto Sinais & Vida
Na última sexta-feira (26), comemorou-se o Dia Nacional do Surdo e por isso o Projeto Sinais & Vida, o Surdo e sua Língua de Expressão, organizou um encontro na Unicep, onde foram debatidas as legislações que garantem alguns direitos ao Surdo na área da Educação e no Mercado de Trabalho. Em 2014 o projeto foi uma parceria com a Diretoria de Pós-graduação e Cursos de Extensão.
O projeto teve início em 2009 e de acordo com Priscila Melo, coordenadora do projeto: “Nós não estamos apenas celebrando, estamos aqui para mostrar a luta da comunidade Surda no sentido de tentar envidar os esforços pra viabilizar o acesso deles, a garantia, a valorização da língua, o reconhecimento da língua e a valorização da cultura da pessoa Surda”.
O projeto é de inclusão de Surdos sob uma perspectiva bilíngue, ou seja, ele reconhece que a língua de sinais é o meio de comunicação e expressão, garantido pela Legislação, da pessoa Surda. O projeto surgiu a partir de uma necessidade de uma pessoa surda que foi até um ambiente clínico e não conseguiu ser atendido, esperou por mais de quatro horas. “Na verdade, ele foi chamado para a triagem como os ouvintes, mas ele não escutava, quando resolveu perguntar o que estava acontecendo, a sua vez já havia passado há muito tempo, e ele não foi mais atendido”, contou Priscila e completou: “Assim a primeira proposta foi sensibilizar o setor da saúde, mas nós reconhecemos a necessidade em um contexto mais amplo, então fomos para a área da Educação, e agora, estamos nos inserindo na área de Mercado de Trabalho”.
Segundo Priscila, a proposta deste ano é uma iniciativa em São Carlos, no sentido de organizar um evento em línguas de sinais e os ouvintes que participaram puderam se colocar no lugar dos Surdos, e tiveram a mesma sensação que o Surdo tem nos espaços sociais, quando não há comunicação garantida.
De acordo com Renato Mendes de Oliveira, aluno do 6° período de Pedagogia: “O projeto é muito importante porque todos nós, Surdos, temos o direito de igualdade, de oportunidades, de podermos fazer um curso superior e, também, desenvolvermos socialmente. Às vezes acreditam que o Surdo vai trabalhar em uma empresa, sempre em um determinado espaço, sem poder progredir e não é assim! O ensino superior viabiliza essa experiência de progressão de desenvolvimento.”.
Durante a entrevista, Renato me perguntou se eu havia entendido a palestra e eu respondi que não, por não conhecer a Libras. E então ele me disse: “Te perguntei, para ter noção de qual foi a sua sensação, porque você é ouvinte, e nós somos Surdos, a comunicação fica truncada, tem essa barreira linguística e você se colocou no nosso lugar. Na verdade, você sentiu que a comunicação ficou sem ser compreendida, por isso perguntei se você entendeu”, contou Renato.
Adauto Antonio Caramano, Tradutor Interprete de Libras da UNICEP, falou com os Surdos sobre o tradutor interprete, sobre o direito que eles têm de ter um tradutor interprete na faculdade. “Nós abordamos as questões legais, que garantem alguns direitos ao Surdo. É importante proporcionarmos esses momentos de debates políticos, porque na maioria das vezes, eles não sabem a quem recorrer. Nós criamos esse momento de debate, porque o dia 26 de setembro tem como proposta levantar questões vinculadas às dificuldades que os Surdos encontram, as conquistas que já temos e criar um ambiente onde eles possam expressar e conhecer um aporte que garante esse direitos, que eles têm e que não sabem, não conhecem.”, concluiu Adauto.
