“Dançando com a Diferença” se apresenta em São Carlos
São Carlos recebe neste sábado, 28, às 20h, no Sesc, a criação Dez Mil Seres, do grupo Dançando com a Diferença, que vem da Ilha da Madeira, Portugal. No espetáculo, a coreógrafa Clara Andermatt une dançarinos com e sem deficiência para tratar da descoberta dos sentidos. A direção artística é de Henrique Amoedo, que desenvolve diferentes ações no âmbito da inclusão social através das artes há cerca 15 anos.
Em entrevista ao Primeira Página, Amoedo conta que a apresentação em São Carlos faz parte da turnê no Brasil de divulgação do trabalho de Clara Andermatt. Em Portugal, ele iniciou o projeto Dançando com a Diferença no ano de 2001, o qual deu origem a Associação dos Amigos da Arte Inclusiva – Dançando com a Diferença e ao Grupo Dançando com a Diferença.
“Estamos no Brasil com o objetivo de divulgar o trabalho da Clara, já tivemos em outros lugares como Rio de Janeiro, Porto Alegre e terminaremos a turnê em São Paulo. A montagem fala um sobre o detalhe, utilizando a natureza como metáfora”, diz ao explicar que a peça mostra um processo infinito com dialética de alternância, como o dia que sucede a noite, o calor que surge depois do frio, a luz após a sombra, Yin e Yang como forças interconectadas e interdependentes que dão ao mundo seu ritmo.
Amoedo relata que na construção da peça os bailarinos estiveram na Ilha da Madeira para explorar as sensações do contato direto com a natureza. “Lá a natureza é diferente, os bailarinos exploraram o local, ouviram o som que a natureza emite para criar, a partir disso, seus movimentos. Também fomos a um museu de arte africana”.
Questionado a respeito de como trabalha com esses artistas deficientes, Henrique comenta que não difere do trabalho com um artista sem a deficiência. “O que importa é o resultado artístico conseguido. Exploramos o máximo de dificuldades de cada um Eles têm treino três vezes por semana, um treino de autonomia, além das aulas propriamente ditas e ensaios”.
Para o diretor artístico esses bailarinos têm formas diferentes de olhar o mundo e dão referências imprevisíveis. “Eles mostram detalhes que muitas vezes não vemos, uma maneira diferente de observação, o que acaba enriquecendo muito o espetáculo”.
Segundo Amoedo, que já esteve em outro momento em São Carlos, é esperado que o trabalho renda frutos. “Estive no Sesc em 1998 com outra companhia de dança. Foi uma ótima experiência e uma pessoa se inspirou em nosso trabalho para criar projetos parecidos, espero que o mesmo ocorra agora nesta apresentação”.