Itirapinense irá desfilar na Apoteose do Samba
Antonio Bueno desfilará pela sexta vez na Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, no Rio de Janeiro
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Marlene Macedo
O itirapinense Nivaldo Antonio Bueno, desfilará pela sexta vez, na Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, no Rio de Janeiro, levando o nome e a alegria contagiante de nossa região à Apoteose do Samba. O itirapinense é um grande ícone da cultura local, sempre envolvido com artes, e participando ativamente de shows, apresentações artísticas e culturais, levando o nome de Itirapina, e toda região à grandes realizações artísticas. Nivaldo conta que desde criança tem memórias afetivas do Carnaval. Quando, morando na zona rural de Itirapina, seus pais o levava, ainda pequeno à cidade de Rio Claro, para assistir aos desfiles carnavalescos, e que o amor pela folia de momo nasceu vendo, ao longo de sua infância e juventude, as festas populares e sua família, sempre assistindo os carnavais. Quanto ao amor pela “Estação Primeira de Mangueira”, também foi cultivada em sua família, pois seus pais e familiares sempre torciam e assistiam a escola de samba, pela televisão, com um sonho talvez de um dia participarem ou assistirem a um desfile no Sambódromo carioca, o que nunca aconteceu. Porém em 2016 Nivaldo realizou esse sonho, desfilando enfim pela primeira vez na sua escola do coração e conta-nos sobre sua trajetória no samba, e da emoção de entrar na Apoteose, sempre levando um pouco de nossa gente, de nossa história e muito de sua família para a avenida:
PP- Como você fez para chegar até a Verde e Rosa e assim, desfilar pela primeira vez?
Nivaldo: Eu sempre tive vontade de desfilar na Mangueira, e em 2016, a Maria Bethânia que foi a homenageada com o samba enredo: “Maria Bethânia a Menina dos Olhos de Oya”. Naquele ano fui até Santo Amaro da Purificação- Bahia, terra natal de Bethânia, para sentir a magia daquele local, que fui me envolvendo muito e desejando cada vez mais realizar meu sonho. Então entrei no site da escola, que dispunha de vários contatos para aquisição de fantasias e conversei com Dona Léa, que é uma das baluartes da escola, e comprei minha fantasia. Fui tão bem recebido por Dona Léa e por sua família, que no Carnaval nos conhecemos pessoalmente e assim todos os anos, não deixo de cumprimentá-la, em seu carro alegórico, por tudo que ela significa para a escola. E em 2016, na minha primeira vez na avenida, fomos campeões!
PP- Qual foi a sensação de estar na avenida, no maior Carnaval do Brasil, desfilando e realizando um sonho?
Nivaldo: A primeira vez que eu cheguei no sambódromo, senti muita emoção, é inacreditável toda aquela movimentação de pessoas. O nervosismo toma conta da gente. Você vê aquela multidão na concentração parece que vai dar errado, de repente os fogos de artifício, todos se organizam em suas alas e aí a maravilha acontece, é muita emoção, e uma alegria sem fim.
PP- Como foram os anos seguintes de desfile?
Nivaldo: Era para ser só um ano de desfile, me programei para desfilar apenas em 016, realizar um sonho e nada mais. Mas o amor pela Estação Primeira de Mangueira fala mais alto a cada ano. No ano seguinte em 2016, o samba enredo: Só com a ajuda do Santo”, eu quis experimentar a sensação de desfilar num carro alegórico, fiz contado com o diretor das alegorias e desfilei no carro 5: O mito de São Jorge o Dragão.
Já em 2018, o samba enredo: “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco” desfilei no Boteco do Samba, junto de vários cantores entre eles: Jorge Aragão, Leci Brandão, Teresa Cristina, Alcione e outros, foi nesse carro que tive a alegria de desfilar ao lado da atriz Walkiria Ribeiro que hoje interpreta a personagem Rejane Miranda, na novela Fuzuê. Esse ano a escola fez uma dura crítica ao corte de verbas ao carnaval do Rio de Janeiro. Esse título também é o trecho de uma música (marchinha de carnaval), da década de 1940, Na época os festejos também estavam ameaçados pela crise econômica durante a guerra.
Em 2019 desfilei no carro abre alas, com o samba enredo: História para ninar gente grande”, vesti minha fantasia de índio, e mais uma vez vibrei ao ver nossa escola ser consagrada Campeão do Carnaval Carioca.
Já em 2020, novamente desfilei no carro abre alas, com o samba enredo: A verdade vos fará livre “, que contou a trajetória de Jesus Cristo, sendo uma missa a céu aberto, apresentando críticas à violência contra o povo negro e a intolerância religiosa. Minha alegoria em 2020 representava o nascimento de Jesus No carro Nelson Sargento representou José e Alcione, Maria. O grande destaque desse carro foi para escultura enorme do Menino Jesus Negro.
PP- Na pandemia, e pós pandemia, você não foi para a avenida, e agora está voltando. Alguma preparação especial para esse retorno?
Nivaldo: Com a pandemia vivemos momentos de muita tristeza, eu principalmente, perdi meus pais, e por isso tinha pensado em não voltar mais para o carnaval, mas após 3 anos decidi voltar, estou de volta ao sambódromo, para mais um desfile na minha escola do coração.
PP-Qual o enredo da Mangueira esse ano e como será sua fantasia?
Nivaldo: Para esse ano, uma grande cantora mangueirense, será a homenageada: Alcione, com o samba enredo: “A negra voz do Amanhã”. Retorno com uma belíssima fantasia de índio, no carro 2 que fará parte do carro abre alas. Será um desfile maravilhoso. Alcione merece toda essa homenagem, e que terá ao seu lado, no desfile, sua grande amiga, Maria Bethânia, portando haja coração. Mas o mais importante de tudo isso é aproveitar esses momentos que a vida nos proporciona. Quero homenagear em pensamento, quando estiver na Marques de Sapucaí, três pessoas que não estão mais nessa vida, e que adoravam o carnaval da Estação Primeira de Mangueira: meus pais Felício e Santa e meu tio Antônio Zanetti. Que vença a melhor!
PP- E após os desfile? Rio de Janeiro respira carnaval. O folião se despede da folia?
Nivaldo: Na terça-feira, após o desfile da Mangueira, irei desfilar no famoso Bloco “As Carmelitas”, um bloco fundado em 1990, que desfila no Bairro de Santa Teresa, onde fica o Convento das Carmelitas, origem do nome do bloco. O Bloco tem cerca de 200 integrantes, incluindo a bateria. Conta a história, que o bloco foi criado a partir de uma piada de que uma freira teria pulado os muros do convento para curtir o carnaval. Por isso o bloco desfila na sexta –feira de carnaval, quando a tal freira fujona teria saído do convento, e na terça feira de carnaval, quando a tal freira teria voltado para o seu lugar, por isso muitos participantes usam fantasias de freira, para que ninguém identifique a fujona. E assim estarei nesse bloco, fechando assim, minha participação no carnaval 2024.