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Laudo revela origem do afresco inédito do Museu Casa de Portinari

30/12/2014 18h46 - Atualizado há 9 anos Publicado por: Redação
Laudo revela origem do afresco inédito do Museu Casa de Portinari

Um trabalho realizado a quatro mãos. Esta é a conclusão da análise realizada pela Comissão de Autenticidade das Obras de Candido Portinari, responsável por determinar a autoria do afresco inédito descoberto durante o restauro do Museu Casa de Portinari, na cidade de Brodowski, interior de São Paulo. Os pesquisadores concluíram que o artista paulista colaborou para a realização do afresco, mas que a pintura teve a participação de outro artista, não identificado. O resultado sai às vésperas das celebrações pelos 111 anos de nascimento de Portinari, comemorados no dia 30 de dezembro.  

A Madona com Menino Jesus, como foi batizada, não pode ser considerada uma obra finalizada, mas um estudo de figuras e da aplicação dos tons pastéis. Mesmo assim, concluiu a Comissão, deve ser inscrita no rol das obras autênticas de Portinari, com a observação de que sua autoria é compartilhada. Portinari orientou este outro artista na execução geral da obra e pintou, ele mesmo, o detalhe do rosto do Menino Jesus. O laudo é assinado por Christina Penna, Edson Motta, Cláudio Valério e Noélia Coutinho, além de João Candido Portinari, diretor-geral do Projeto Portinari e filho do artista. 

As análises começaram em maio deste ano, logo após a reinauguração do Museu Casa de Portinari. O afresco foi descoberto durante as obras de restauro realizadas pelo Governo do Estado de São Paulo, proprietário do museu, entre 2012 e 2013. A pintura estava coberta por camadas de tinta de parede comum, ao lado da porta, em um cômodo que já havia sido uma varanda e que mudou de função ao longo de sucessivas reformas.

A casa, onde o pintor passou a infância e para onde voltava com freqüência ao longo de toda sua vida adulta, era um grande laboratório do artista, que preencheu suas paredes com rascunhos e obras finalizadas nas técnicas de pintura mural e afresco. 

Assim que a nova pintura foi descoberta, a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo procurou o Projeto Portinari, instituição responsável pela avaliação de autenticidade das obras do artista, que designou uma comissão especializada para estudar o caso. A preocupação se deu porque pelo menos outros três artistas, a convite de Portinari, também deixaram obras nas paredes da casa: Paulo Rossi Osir, José Moraes e Joanita Blank.

“A descoberta do novo afresco foi bastante importante porque ele se constitui em um testemunho valioso sobre o processo de trabalho e sobre a relação do Portinari com outros artistas. Ele reforça a dimensão da Casa como um espaço de estudo e trabalho do artista”, afirma o Secretário de Estado da Cultura de São Paulo, Marcelo Mattos Araujo.

Segundo Angélica Fabri, diretora executiva da ACAM Portinari, organização social de cultura que administra o Museu Casa de Portinari em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura, o fato de o artista ser um dos autores do novo afresco também fortalece a relação dele com sua terra natal. “Portinari costumava passar temporadas em Brodowski (SP), sempre em busca de ideias e de inspiração. Ele gostava de pintar sua gente, sua cultura e seus costumes, e também aproveitava para fazer estudos com novos materiais que pudessem ser aplicados em suas obras”, explica. 

Para chegar ao resultado do laudo, a comissão comparou o afresco descoberto com os outros existentes no imóvel. A Madona com Menino Jesus possui características bastante diferentes das demais obras, assim como o Sagrado coração de Jesus, outro afresco existente no mesmo cômodo, descoberto num restauro anterior.  Ambas foram pintadas por volta de 1937 e são obras rústicas, tanto no desenho como na técnica. Além disso, o fato de que foram encobertas, provavelmente por intenção do artista, indicam que não eram consideradas obras finais. 

 

O Museu Casa de Portinari

Instalado na casa onde Candido Portinari residiu urante sua infância e juventude, em Brodowski (SP), o Museu Casa de Portinari é uma instituição da  Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo que representa o marco concreto do vínculo do artista com sua terra natal, ligação que é celebrada e perpetuada em sua obra plástica e poética. O último restauro foi realizado entre os anos 2012 e 2013, com investimento de R$ 4,2 milhões no reforço estrutural, restauro artístico e implantação de projeto expositivo inteiramente novo, que ressalta a relação de Portinari com sua terra natal.  

Devido às várias obras em pintura mural nas paredes da casa e em uma capela nos jardins da residência, a preservação do conjunto tornou-se imprescindível. O primeiro passo ocorreu em 9 de dezembro de 1968, quando a casa foi tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).  No ano seguinte, o imóvel foi desapropriado e adquirido pelo Governo do Estado de São Paulo e, em 22 de janeiro de 1970, foi tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo). Com esforços da família do artista, do município e do Estado, o museu foi instalado e inaugurado em 14 de março de 1970.

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