De que adianta?
Esta semana, o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (CMDCA) e o Conselho Tutelar de São Carlos promoveram uma ampla discussão sobre a garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes no município. Um passo importante no sentido de ver o que está errado e o que não está dando certo quando o assunto é garantir os direitos desses grupos.
Em entrevista ao Primeira Página , Maduca Lopes, palestrante e consultora que participou dos eventos, de forma muito clara, muito objetiva e muito sincera, disse: “O Conselho Tutelar está sendo babá, motorista, pai, mãe, assistente social, fiscal de festa, porteiro de baile, tudo o que não tem que ser, e está deixando de ser o que precisa ser”.
Detalhe importantíssimo: isso acontece com Conselhos Tutelares no Brasil todo; em todo país, ela afirma, parece que ninguém, nem autoridades, nem população, entendem quais as reais funções dos Conselhos Tutelares.
Avaliando mais de uma década de atuação na área, ela disse: “Não está melhorando: conversamos com as escolas, com delegados, e todos dizem que não está melhorando. Então, não está na hora de parar e rever o que está acontecendo? Porque os serviços existem; existem as políticas de saúde, de assistência social, de educação; mas por que os resultados estão piorando? Então vamos parar e rever como estamos atuando”, pondera.
De que adianta os Conselhos existirem, mas estarem executando serviços para os quais não estão preparados, ou para os quais não têm competência legal? E essa realidade traz profundas e péssimas consequências: “Maior número de adolescentes usando drogas, cometendo atos infracionais, as escolas estão em ebulição. E uma das causas é esta: estamos usando os Conselhos como solução para todos os males, quando ele não o é ”, diz Lopes.
O Brasil é um problema de todos os brasileiros. O país tem muita coisa errada, que não dá certo. E é preciso, de acordo com nossos poderes, pensarmos soluções para resolvê-los. E resolvê-los.
