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Do turismo cultural ao sabão artesanal: histórias que a pandemia proporcionou

Cidadão de São Carlos descobriu um nicho, uma oportunidade e uma fonte de renda com empreendedorismo.

02/02/2021 12h30 - Atualizado há 3 anos Publicado por: Redação
Do turismo cultural ao sabão artesanal: histórias que a pandemia proporcionou De olho na inovação, o Sabão D’Avó lançou o produto no formato líquido com base no extrato de coco

O brasileiro se deparou com a descontinuidade de muitas profissões que só existem com o contato direto com o público. O coronavírus fechou boa parte da atividade do turismo no país. O turismólogo Paulo Sérgio Martins, 43, faz parte desse grupo que buscou no empreendedorismo caseiro uma nova fonte de renda. Quando sua atividade profissional cessou, a produção do sabão artesanal ganhou foco.

Leia ainda – Para fazer o que gostam, elas correram para empreendedorismo caseiro

O projeto que resultou na produção do Sabão D’Avó foi pensado para minimizar o impacto no meio ambiente ao reutilizar insumos como óleo de cozinha. De acordo com Martins, a iniciativa se mostrou promissora e o sabão já chegou a Londres (Inglaterra) pelas mãos de uma cliente. “Enxerguei um nicho, uma oportunidade e uma fonte de renda”.

O olho na inovação trouxe ainda a versão ralada do produto em barra para a máquina de lavar. Ontem, 20, ele lançou o produto líquido com base no extrato de coco voltado para roupa de crianças e de quem tem alergia a produtos químicos. “Mas pode ser utilizado na higienização da casa e louças”, explicou.

O produto líquido é entregue em um recipiente de vidro e a partir da segunda compra o cliente só paga o líquido caso retorne com o vidro para o envasamento. “Pretendo estimular a reutilização do recipiente para gerar menos descarte de vidro na natureza”.

Paulo Sérgio Martins vem empreendendo de forma caseira na produção de sabão caseiro ecológico.

APRENDIZADO

Os desafios da produção trouxeram ensinamentos como, por exemplo: comprar, produzir e comercializar. “Jamais havia passado em minha cabeça produzir sabão caseiro ecológico”.

Quanto a primeira barreira, Martins explicou que, sobretudo, a inexperiência na aquisição dos ingredientes da receita trouxe dúvida e incerteza. Ele enumera: “Depois vieram as vendas. Como vender? Como convencer uma pessoa que o seu produto é de fato bom? E ainda como faz valer o seu investimento. E o desafio de não ter vergonha de se expor e mostrar o seu produto”.

Contrapondo a tudo isso, veio o retorno das pessoas elogiando o produto, que limpava muito bem a louça, pano de chão, roupas e utensílios domésticos. “Hoje vendo bastante para pessoas que moram fora de São Carlos. Depois uma cliente me disse que o sabão foi parar em Londres, na casa da irmã. Eu dei muita risada. Isso é impagável!”

O LEGADO

Martins conta que o projeto surgiu espontaneamente a partir de uma ação social há quatro meses. “Eu quis doar algo que fosse construído por minhas mãos. Fiz o sabão caseiro e após alguns dias vieram muitos elogios”. O sucesso gerou a primeira encomenda por uma enfermeira que gostou do produto para lavar as roupas brancas de trabalho.

Ele continua trabalhando na área de turismo no segmento cultural e social, mas em uma escala bem menor. Enquanto não há uma solução definitiva para acabar com o distanciamento social, a produção de sabão passou a ser prioridade. Martins ainda tem dúvida se o empreendedorismo caseiro passará a ser sua fonte de renda principal. “Ainda não sei, só o tempo dirá!”

“Acho que a pandemia está deixando esse legado no qual está evidente que não temos o controle de nada e vivemos uma incerteza. Muitas oportunidades passam na frente do nosso nariz, agora o desafio é encontrá-las”. Martins reforça que pretende atuar de forma paralela com o trabalho de turismo.

FORMAÇÃO E INFORMAÇÃO

A internet foi a fonte de troca de experiência e conhecimento na produção do Sabão D’Avó afirmou Martins. Mas a mãe, a dona Maria Martins também contribuiu com a memória afetiva de como produzia a barra do detergente em outras épocas. “Fui atrás de informações que pudessem contribuir para fazer um produto aceitável. Contei com a contribuição de amigos da área da química e do comércio e do marketing para me orientar. Portanto um aprendizado que estou tendo é que sozinho não chegamos a lugar algum”.

Por conta da atividade de produção de sabão caseiro ecológico estar incipiente, Martins disse que ainda não se formalizou como empreendedor individual. Questionado se hoje o seu trabalho caseiro consegue lhe dar a mesma renda que recebia no mercado formal, ele foi incisivo: “Não, ainda não”.

COMERCIALIZAÇÃO

A propaganda boca a boca faz toda a diferença avalia o novo empreendedor. “Contudo, eu ofereço para os meus amigos, conhecidos e contatos e já tenho o Sabão D’Avó na rede social. Mas eu sempre entro em contato com as pessoas que adquiriram o produto e peço o retorno, ou seja, o pós-venda” finalizou.


Por Hever Costa Lima

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