Alta do combustível projeta reajuste nos preços de produtos e serviços
Os preços da entrega do motoboy ao pé de alface no mercado já estão com o acréscimo de pelo menos 7%, pagos pelo consumidor por conta do aumento de 6,6% no preço da gasolina comum e de 5,4% no preço do óleo diesel, ocorridos a partir de ontem.
O dono da Speedy, empresa de entregas rápidas, André Henrique Serantola, foi enfático ao afirmar que o aumento no seu preço é direto e imediato. “Tenho que analisar o impacto que esse aumento traz e incluir outros reajustes que ocorreram no ano, como o aumento dos serviços de oficina e preço do pneu” explicou.
Da mesma maneira pensa o caminhoneiro e fretista Marcos Donizetti Sebim que faz mudanças na cidade e região. Ele disse que não tem como absorver o impacto do aumento. “Não podemos colocar na ponta do lápis somente o preço do combustível, existem outros custos que são reajustados pela alta do diesel e da gasolina que afetam o preço final do serviço”, relatou.
Em média, os comerciantes avaliaram que haverá um aumento de aproximadamente 10% de hoje até a próxima semana em quase tudo que se é consumido na cidade. “O combustível é a válvula impulsora dos preços e não tem como o comércio e serviço absorver esse valor”, disse o economista Ronaldo de Cresci.
Ele avaliou ainda que a concorrência na economia tem estrangulado a margem de lucro do empresário e por esse motivo não tem como fugir do repasse de preço para o consumidor.
A gerente de vendas do Varejão da Qualidade, Lucimara Calliegario, disse que nos hortifrutigranjeiros o aumento é literalmente do dia para a noite. “Os caminhões já chegam à loja com preço novo e eu não tenho como ignorar esse aumento. E muitas vezes o produtor aproveita a alta no combustível para embutir ali outros aumentos ocorridos durante o ano que ele não teve como repassar.”, explicou.
Na calculadora é provável que o consumidor encontre nas prateleiras, a partir de hoje, o preço da alface, por exemplo, que estava a R$ 2,69, já em R$ 2,97. Lucimara disse que fatores climáticos interferem no preço final dos hortifrutigranjeiros e acabam se somando à alta do frete provocada pelo combustível mais caro.
GOVERNO – Para o economista, o governo vai tentar conter a inflação com a redução do preço da energia já para fevereiro. “Mas o consumidor irá sentir no bolso rapidamente o reajuste provocado pelo combustível”, disse Cresci.
Na tarde de ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, calculou que o reajuste no preço da gasolina será menor para o consumidor e chegará a cerca de 4%. Segundo ele, isso deverá ocorrer porque a gasolina vendida nas bombas conta ainda com um percentual de álcool.
Na terça-feira a Petrobras anunciou um aumento nas refinarias da companhia em todo o país a partir de ontem. Segundo a empresa, o reajuste foi definido levando em consideração a política de buscar alinhar os preços dos derivados aos praticados no mercado internacional.
O ministro não quis antecipar se ao longo do ano haverá um novo reajuste da gasolina. Ele lembrou que no ano passado foi feito mais de um reajuste no preço do combustível – o que não significa “que esse ano haverá novos”.
