Anatel diz que decisão sobre tecnologia 5G vai seguir ‘princípio da neutralidade’
No
centro de uma disputa tecnológica bilionária e que vai definir o
futuro das telecomunicações no País, a Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) afirmou nesta última
quarta-feira, 27, que sua postura sobre a adoção da quinta geração
da telefonia móvel (5G) vai se basear no “princípio da
neutralidade de rede”. Na prática, o órgão regulador,
pressionado por empresas americanas, chinesas e europeias, deu recado
de que não pretende privilegiar nenhum fabricante de
equipamento.
“Nós temos a premissa da neutralidade
tecnológica, exatamente para dar a possibilidade e a oportunidade de
que todos os fabricantes e toda a camada produtiva venham e
participem de todas as licitações e que possam trazer os
equipamentos de ponta para o nosso país”, comentou a
superintendente executiva da Anatel, Karla Crosara Ikuma.
O
assunto foi discutido em audiência pública da Comissão de Relações
Exteriores e de Defesa Nacional, da Câmara, com presença de
representantes de empresas como Ericsson, Huawei e Qualcomm. As
empresas fizeram exposições institucionais de suas tecnologias,
ambições com o movo sistema e expectativas de crescimento.
A
fabricante sueca de equipamentos de telecomunicações Ericsson
planeja investir R$ 1 bilhão para ampliar sua fábrica em São José
dos Campos (SP), desenvolvendo uma nova linha de montagem
exclusivamente dedicada a produtos de tecnologia 5G que serão
fornecidos para toda a América Latina.
Na competição estão a
finlandesa Nokia e a chinesa Huawei, que também têm fábricas em
São Paulo e estão na corrida para liderar a implantação do 5G no
Brasil.
A Anatel ainda está fechando as regras para o leilão
5G, que foi inicialmente agendado para março do próximo ano, mas
depois foi adiado para o segundo semestre de 2020, enquanto continuam
os testes sobre possíveis interferências com outros serviços.
A
Huawei anunciou planos de construir uma fábrica de smartphones de
US$ 800 milhões também no Estado de São Paulo nos próximos três
anos. O plano agrada o governo brasileiro, mas enfrenta objeções do
governo norte-americano, que não quer perder a guerra tecnológica
para os chineses.