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Cientistas denunciam cortes de 50% no ministério

28/05/2017 05h02 - Atualizado há 7 anos Publicado por: Redação
Cientistas denunciam cortes de 50% no ministério

Depois de um 2016 com imensos cortes nos gastos, o ano de 2017 começou ainda pior para a Ciência e Tecnologia. O orçamento proposto pelo governo, que era originalmente de R$ 5 bilhões, o mais baixo dos últimos 12 anos, sofreu um corte de R$ 2,2 bilhões, deixando a pasta com apenas R$ 2,8 bilhões (US$ 898 milhões). Os números foram apresentados em audiência pública na Câmara dos deputados, com informações passadas pelo Ministério do Planejamento.
O anúncio causou grande repercussão na comunidade científica brasileira e chamou a atenção da Revista Britânica Nature, que consolidou dados sobre a perda de receita de Ciência e Tecnologia no Brasil.
Redução de desempenho
Com os cortes sucessivos nos recursos das áreas de educação e ciência, o País vem caindo de posições em todos os rankings de avaliação de desempenho.
Estudo realizado pela Universidade de Cornell e pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), que leva em conta 82 indicadores relacionados à inovação e resultados apresentados no último ano, indica o Brasil na 69ª posição em um ranking de 128 países, caindo seis posições desde 2013.
No Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA, em inglês) os resultados do Brasil mostram uma queda em todas as áreas avaliadas, o que refletiu em uma perda de posições do País no ranking mundial. O Brasil está na 63ª posição em ciências, na 59ª em leitura e na 66ª colocação em matemática.
Os cortes atingem até as olimpíadas escolares de conhecimento. Em 2016, o CNPq investiu R$ 2,5 milhões em dez olimpíadas – no ano anterior foram R$ 4 milhões em 14 eventos. Para este ano, alguns organizadores já foram informados que terão os recursos cortados novamente quase pela metade. É o caso da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) e da de História.
No Brasil os investimentos em Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) não chegam a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto Coréia do Sul e Finlândia investem 3,6%, Japão e Suécia 3,4%, Dinamarca 3% e Alemanha 2,8%.

Cientistas demonstram insatisfação

Na comunidade científica brasileira há crescente descontentamento diante da falta de políticas públicas para promoção de uma área tão estratégica para o desenvolvimento nacional. “O novo orçamento é uma bomba atômica contra a ciência brasileira. Se estivéssemos em guerra, poderíamos pensar que essa era uma estratégia de uma potência estrangeira para destruir nosso País. Mas, em vez disso, somos nós fazendo isso para nós mesmos.”, afirma o físico Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências.
Para a cientista Helena Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), existe urgência na mobilização da comunidade científica na luta pela valorização da ciência e da educação no País. “Já tínhamos uma fusão absurda do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação com o das Comunicações. Agora mais cortes. O governo agiu sem ouvir o Estado, a sociedade. Mostra uma miopia absoluta. E como se faz ciência sem um fluxo contínuo de financiamento?”, indagou.
O chefe do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Sidarta Ribeiro, é ainda mais contundente, citando o caso da neurocientista Suzana Herculano-Houzel, que fechou seu laboratório no Brasil e se mudou para os Estados Unidos. “Este é um ato de guerra conta o futuro do Brasil. Os cientistas vão fugir do País. Se eu não tivesse dinheiro estrangeiro para pesquisar eu estaria me desligando”.

Investir em conhecimento é o caminho
Ao observar as estratégias praticadas pelos países atualmente desenvolvidos, nota-se que assumiram uma postura decidida em defesa do fortalecimento da ciência e da tecnologia como ferramentas fundamentais para a articulação entre o Estado, as universidades e o setor privado nacional. Por este motivo, grande parcela do subdesenvolvimento econômico reside exatamente na ausência ou na debilidade de mecanismos próprios para o fomento do conhecimento científico e tecnológico.

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