Indústria e varejo impulsionam criação de vagas em outubro, enquanto regiões do país mostram perda de fôlego; ACISC alerta para cenário de cautela
A atividade econômica do país apresentou sinais claros de desaceleração no mês de outubro, com impacto direto no ritmo de criação de empregos formais. A conclusão é do Núcleo Econômico da Associação Comercial e Industrial de São Carlos (ACISC), que analisou os dados mais recentes do Índice de Atividade Econômica Regional (IBC-R), divulgado pelo Banco Central.
O indicador, calculado desde 2003, reúne informações de produção agropecuária, industrial e de serviços, e é utilizado para antecipar tendências do mercado de trabalho. Em setembro, o IBC-R apontou crescimento da atividade produtiva nas regiões Norte e Nordeste, enquanto Sudeste, Sul e Centro-Oeste registraram queda. Apesar desse recuo, todas as regiões criaram empregos naquele mês.
O cenário, porém, mudou em outubro. A geração de empregos diminuiu de forma expressiva em todas as regiões brasileiras. O Nordeste liderou as contratações, mas com números absolutos muito inferiores aos registrados um mês antes — sinal de perda de fôlego generalizada. De acordo com o comparativo nacional, a redução é evidente: em outubro de 2023 foram abertas 187.126 vagas; em 2024, 131.424; e em 2025, apenas 85.147. A queda é de 35% na comparação entre outubro deste ano e o mesmo período do ano anterior.
Na região Sudeste, o total de empregos criados correspondeu a apenas 33% do observado em outubro de 2024. No Estado de São Paulo, o desempenho representou 40% do verificado no ano anterior. Para o Núcleo Econômico da ACISC, como a atividade produtiva já vinha recuando, é provável que o índice de atividade continue apresentando quedas nos próximos meses.
Desempenho em São Carlos
Na contramão da tendência regional, São Carlos registrou saldo positivo de 159 empregos em outubro, totalizando 90.986 trabalhadores com carteira assinada. O resultado, porém, não foi uniforme entre os setores. Houve retração na agropecuária (-10), na construção civil (-54) e no setor de serviços (-43). Já a indústria abriu 141 vagas, quase todas concentradas na atividade de abate e fabricação de carnes. O comércio também apresentou expansão, com 125 postos criados, especialmente no varejo.
Para os analistas, esse comportamento reforça que o desempenho positivo da cidade está sustentado em fatores pontuais, e não em uma recuperação ampla da economia regional. O economista do Núcleo Econômico da Acisc, Elton Casagrande, o cenário aponta continuidade da desaceleração. “Os números confirmam a tendência de perda de fôlego da atividade econômica nos últimos três meses na região Sudeste. Embora São Carlos tenha fechado outubro com saldo positivo, isso não reflete uma recuperação ampla. O que observamos é uma contribuição isolada de segmentos específicos. A adaptação das empresas ao novo regime tributário deve dominar o debate nos próximos meses, especialmente com a constatação do aumento da carga de impostos. Não há, neste momento, indicativos de um cenário empresarial otimista”, declarou.
