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Economia brasileira cresce 0,9% em 2012

01/03/2013 21h12 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
Economia brasileira cresce 0,9% em 2012

A economia brasileira fechou 2012 com crescimento anual de apenas 0,9 por cento, o pior desempenho em três anos e, apesar de ter mostrado alguma recuperação no quarto trimestre, o futuro para 2013 ainda preocupa analistas, o setor produtivo e também o governo.

 

Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 1º, o resultado foi afetado pelo recuo dos setores industrial e agropecuário, além dos investimentos, e veio bem aquém da alta de 2,7 por cento do PIB de 2011, apesar das inúmeras medidas de estímulos do governo no ano passado.

Entre outubro e dezembro, o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 0,6 por cento na comparação com o terceiro trimestre, mostrando uma pequena aceleração sobre a expansão vista entre julho a setembro passados, de 0,4 por cento. A taxa de expansão do terceiro trimestre foi revisada para baixo em relação a 0,6 por cento divulgada anteriormente.

Em 2009, quando a crise internacional vivia uma fase aguda, o PIB do Brasil teve queda de 0,3 por cento. Com os números de 2012, que ficaram em linha com as expectativas do mercado, a economia brasileira perdeu a sexta colocação no ranking mundial para o Reino Unido.

“A economia está de fato se recuperando, mas num ritmo muito lento. Os dados não são animadores, e é preciso ser otimista de forma cautelosa”, resumiu o estrategista-chefe do banco WestLB, Luciano Rostagno, para quem o PIB deste ano crescerá 3 por cento, “mas o viés é de baixa”.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, buscaram mostrar otimismo, defendendo que a atividade já está se recuperando.

“Para 2013, o cenário é mais benigno, a crise europeia está superada, a economia mundial deverá crescer mais, a economia brasileira terá mais mercados para exportar”, afirmou Mantega a jornalistas, acrescentando que prevê expansão entre 3 e 4 por cento do PIB neste ano.

Tombini salientou, em comunicado, que “é importante destacar a retomada dos investimentos no quarto trimestre, bem como a tendência de que sejam impulsionados pelos estímulos introduzidos na economia e pelas perspectivas de que o ritmo de crescimento em 2013 será bem superior ao observado em 2012”.

 

INVESTIMENTOS FRACOS

O crescimento de 0,5 por cento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), uma medida de investimento, no último trimestre de 2012, quando comparado com julho a setembro, foi uma boa notícia porque interrompeu uma série de quatro quedas seguidas. No ano, porém, houve contração de 4,0 por cento.

Segundo o IBGE, a queda na produção de máquinas e equipamentos no país, de 9,1 por cento em 2012, e a redução das importações desses produtos empurraram o investimento para baixo.

Apesar do número ainda fraco, há quem acredite que os investimentos estão melhorando um pouco mais. Em nota, a LCA consultores estimou que os investimentos teriam crescido 2 por cento no trimestre passado não fosse por exportação contábil de três plataformas de petróleo.

Dentro da equipe econômica, a expectativa é de que o investimento demorará mais tempo para decolar de vez, na melhor das hipóteses no final deste ano. Ainda assim, a avaliação é de que o país já está no caminho certo, sobretudo com os planos de concessão envolvendo portos, aeroportos, rodovias e ferrovias.

Mas representantes do setor produtivo estão menos otimistas. “O Brasil vive um tripé do mal: câmbio, juros e tributos. Enquanto não resolver isso, o investimento não vai crescer… O principal problema é o câmbio mesmo, que torna o país caro”, afirmou o presidente da associação de máquinas e equipamentos, Abimaq, Luiz Aubert Neto.

A taxa de investimento, levando em consideração a formação bruta de capital, ficou em 18,1 por cento do PIB no ano passado. A presidente Dilma Rousseff tem dito que gostaria de ver os investimentos alcançarem 25 por cento do PIB.

Mais uma vez, o crescimento do PIB foi puxado pelo consumo das famílias e do governo, que ainda se mostraram robustos. O primeiro registrou alta de 1,2 por cento entre outubro e dezembro, ante o terceiro trimestre, acumulando ganho de 3,1 por cento em 2012.

Segundo o IBGE, o aumento de 6,7 por cento na massa salarial e de 14 por cento nas operações de crédito no ano contribuíram para incremento na demanda.

Já o consumo do governo apresentou alta de 0,8 por cento no quarto trimestre e 3,2 por cento no ano, em relação aos períodos imediatamente anteriores.

 

SERVIÇOS CRESCEM

O setor industrial derrapou no ano passado, com contração de 0,8 por cento sobre 2011. No quarto trimestre, porém, houve um pequeno crescimento de 0,4 por cento sobre os três meses anteriores.

Até o setor automobilístico, que registrou vendas recordes em 2012 e recebeu diversos estímulos do governo, teve desempenho discreto no PIB. “O setor usou estoques para aumentar suas vendas tanto para carros quanto caminhões”, disse a economista do IBGE Rebeca Palis.

Já a agropecuária caiu 5,2 por cento na comparação trimestral e 2,3 por cento no ano. “A pecuária vai de marcha ré mesmo. Está desestimulada, sem investimentos”, disse o presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalhosa, lembrando que do lado agrícola “tivemos uma seca espectacular no centro-sul brasileiro”.

A atividade de serviços, depois de surpreender e mostrar estabilidade no terceiro trimestre de 2012, teve crescimento de 1,1 por cento nos últimos três meses do ano, fechando 2012 com alta de 1,7 por cento, também puxada pela renda e emprego em alta.

E neste cenário a inflação, ainda pressionada, pode ser um complicado para o crescimento. Para atacar a alta dos preços, parte do mercado aposta que o Banco Central elevará a taxa básica de juros Selic –hoje na mínima histórica de 7,25 por cento ao ano–, o que jogaria água fria na recuperação.

A intermediação financeira, que foi um dos responsáveis pela estagnação dos Serviços e o resultado ruim do PIB no terceiro trimestre, mostrou recuperação, como previu Mantega na ocasião.

No quarto trimestre, a intermediação financeira cresceu 1,0 por cento, depois de queda de 0,6 por cento no terceiro trimestre –número revisado, depois de o IBGE divulgar em novembro queda de 1,3 por cento. Em 2012, a expansão da intermediação financeira ficou em apenas 0,5 por cento.

 

FRACO NO MUNDO

O desempenho da economia brasileira de 2012 ficou, segundo o IBGE, bem aquém da média mundial, de expansão de 3,2 por cento, com base em informações do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Entre o chamado grupo dos Brics, o Brasil teve de longe a pior performance: a China cresceu 7,9 por cento e a Índia 4,6 por cento, enquanto que a expansão econômica da África do Sul ficou em 2,5 por cento e a da Rússia, em 2,2 por cento.

“A crise internacional impactou o PIB (brasileiro), isso não dá para negar”, afirmou o economista do IBGE Roberto Olinto.

A média de crescimento da atividade econômica nos dois primeiros anos do governo da presidente Dilma Rousseff, segundo o IBGE, foi de 1,8 por cento. (Reportagem adicional de Diogo Ferreira Gomes, Camila Moreira, Alberto Alerigi Jr. e Gustavo Bonato)

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