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Feriados podem causar prejuízo de R$ 581 milhões ao varejo da região

Valor estimado para região de Araraquara, na qual está São Carlos, é 3,7% menor do que o projetado para 2023, de acordo com FecomercioSP

25/01/2024 22h39 - Atualizado há 6 meses Publicado por: Redação
Feriados podem causar prejuízo de R$ 581 milhões ao varejo da região Divulgação

Os feriados nacionais e pontes deste ano podem ocasionar, ao comércio varejista da região de Araraquara, na qual está a cidade de São Carlos, uma perda total de R$ 581,8 milhões — montante 3,7% menor do que o previsto em 2023. O principal motivo para o impacto menor é que, neste ano, quatro feriados cairão em fins de semana, reduzindo também o número de “pontes”. A estimativa é da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com divulgação do Sindicato do Comércio Varejista de São Carlos e Região (Sincomercio São Carlos).

Das cinco atividades analisadas, duas devem registrar aumento das perdas em relação ao ano passado: lojas de vestuário, com uma alta de 14,4%, atingindo prejuízo de R$ 57,8 milhões, e as farmácias e perfumarias, com leve crescimento de 0,6%. Dentre os possíveis fatores que explicam a perda maior, está a alta taxa de crescimento do faturamento dos dois segmentos, o que resulta em aumento na média diária de vendas — e, assim, mesmo com menos feriados em dias úteis, o volume de perdas acaba crescendo.

Por outro lado, as perdas das lojas de móveis e decoração devem recuar 46,7%, caindo para R$ 2,4 milhões. Essa queda significativa pode ser justificada pelo fato de esse segmento apresentar o menor faturamento, de maneira que é comum que ocorram grandes variações percentuais. Em números absolutos, a maior redução deve ser do grupo de supermercados, ao passar de uma perda estimada em R$ 287,1 milhões, em 2023, para R$ 271 milhões, em 2024.

As perdas do grupo de outras atividades, em que predomina a venda de combustíveis, devem passar de R$ 185,2 milhões, em 2023, para R$ 173,6 milhões, neste ano, uma queda de 6,3%.

ESTUDO DA FECOMERCIO-SP

O estudo da FecomercioSP tem por objetivo mensurar uma possível redução de movimento no comércio varejista, considerando um desempenho médio sem observar características sazonais e regionais. Os cálculos levam em conta uma perda parcial nas vendas no dia, e não a totalidade.

O propósito do estudo não é mensurar a transferência de renda. É evidente que durante feriados e pontes as famílias gastam mais com atividades do setor de Serviços, como transporte, bares e restaurantes. Isto é, se de alguma forma o Comércio pode ser prejudicado, o Turismo, por exemplo, ganha fôlego nesses períodos.

Considerando que a expectativa da FecomercioSP é que o varejo da região de Araraquara tenha faturado R$ 34,7 bilhões em 2023, o prejuízo de R$ 581,8 milhões, se confirmado, representa apenas 1,7% da receita anual do setor. Trata-se de uma perda relativamente pequena, mas não desprezível.

O estudo analisou apenas os segmentos mais sensíveis à compra por impulso, por serem os que sofrem pelo consumidor não passar em uma loja naquele dia após o almoço, ou no fim do expediente, para comprar algum produto. No caso do comércio de bens duráveis — veículos e eletrodomésticos, por exemplo —, as compras geralmente são programadas, ou seja, se o consumidor não adquirir durante o feriado, ele comprará em outro dia, não havendo, portanto, perda para o comércio.

COMO AMENIZAR AS PERDAS

O calendário está posto, e todos sabem com antecedência, não havendo qualquer surpresa. Os empresários que lidam com redução de consumo nos feriados, ou até fechamento do negócio, devem montar estratégias para conseguir faturar a meta do mês nos outros dias de mais movimento.

Uma maneira de aumentar ganhos é atrelar a venda a um benefício no setor de Serviços, ou seja, o consumidor compra um produto e ganha uma atração — como ingresso para cinema e parque no feriado. Para isso, é necessário fechar parcerias. Outra alternativa é oferecer descontos mais agressivos nos dias que antecedem o feriado.

 

 

 

Assessor econômico da FecomercioSP comenta pesquisa

O assessor econômico da FecomercioSP, Thiago Carvalho, pondera que o objetivo do estudo é medir as perdas de faturamento do comércio varejista durante os feriados, sem considerar aspectos regionais ou características específicas de cada atividade. Confira a entrevista:

 

Os feriados dão prejuízo para o comércio. Mas, por outro lado eles não geram renda para o setor gastronômico, de transportes e de lazer em geral, gerando emprego e renda?

THIAGO CARVALHO – O objetivo do estudo é medir as perdas de faturamento do comércio varejista durante os feriados, sem considerar aspectos regionais ou características específicas de cada atividade.

 

Geralmente, nos chamados feriados prolongados, enquanto a iniciativa privada trabalha o setor público para. Além de ficar sem alguns ou vários serviços pelo qual ele paga, o contribuinte e os comerciantes não são prejudicados pagando este exército que descansa de forma privilegiada?

THIAGO CARVALHO – O estudo parte da premissa de que em feriados há uma diminuição das compras por impulso e há uma redução do consumo pela diminuição do fluxo de pessoas. Por exemplo, a pessoa não abastece o carro naquele dia porque ficou em casa ou não passou em determinada loja na volta do expediente. Nesse contexto, o comércio acaba perdendo.

Outro ponto de extrema importância é que as empresas que optam ou que podem trabalhar nos feriados têm que arcar com um aumento significativo do custo da hora trabalhada. Fica muito caro para as empresas funcionarem nos feriados.

Por outro lado, há uma transferência de renda para outros segmentos como lazer e turismo que é importante.

 

O prejuízo para o varejo com tantos feriados é indiscutível. Mas existe alguma alternativa para se negociar com os governos? Sarney tentou passar todos os feriados para as segundas-feiras para evitar as “pontes” ou “emendas”. Seria esta uma saída novamente?

THIAGO CARVALHO – Essa discussão sobre os impactos dos feriados, prós e contras, é antiga e há alguns projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional. O importante é que todos os setores e a sociedade possam participar do debate para encontrar a melhor solução.

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