Fila gera recorde em atendimento na Casa do Trabalhador

13/06/2012 13h08 - Atualizado há 12 anos Publicado por: Redação

A fila formada nos dois últimos dias, que reuniu perto de 1.100 pessoas na Casa do Trabalhador no Centro de São Carlos, revela histórias inusitadas de trabalhadores desempregados que buscam um encaixe nas 410 vagas abertas no momento para contratação pelas empresas de atacado (Tenda) e varejista (Havan) prestes a se instalarem na cidade. Só na última segunda, a Casa do Trabalhador bateu recorde ao atender perto de 650 pessoas. Contabilizados com números da semana passada, aproximadamente 1.800 pessoas pleiteiam as vagas do setor.

Com a senha 539, o auditor de qualidade industrial, Paulo Vecchiu, 42 anos, busca uma recolocação no mercado, depois de construir uma carreira de 20 anos na Faber Castell e pedir para ser demitido da empresa para abrir o próprio negócio. “A lanchonete não deu certo e agora eu aceito qualquer trabalho com a expectativa de crescer dentro da empresa”, relata ao explicar que na época da Faber recebia um salário perto de R$ 2,7 mil.

Com a certeza que ao retornar para o mercado de trabalho não teria o mesmo valor do salário anterior, Vecchiu concorre a uma vaga que tem salários estipulados entre R$ 750,00 e R$ 2 mil, segundo o secretário de Trabalho, Emprego e Renda, Emerson Domingues.

A produtora industrial, Sônia Pereira de Moura, de 33 anos, também está disposta a aproveitar a oportunidade de um trabalho formal depois de ficar por dois anos entre empregos temporários e o ócio e a incerteza de uma remuneração fixa.

“Tenho uma filha e quando não tenho emprego acabo sendo ajudada por amigos e parentes para sustentar minha filha”, emociona-se ao deixar escapar que muitas empresas acabam avaliando a aparência e não levam em conta a qualificação que ela adquiriu com cursos de administração de empresas e empilhadeira nas escolas técnicas da cidade.

Intimidado pela falta de oportunidade de trabalho está José Luiz de Souza, de 33 anos, que busca uma vaga de segurança. “Quem está sustentando a casa é o meu padrasto. Estou há seis meses sem trabalho e me sinto inútil dentro de casa. Preciso ganhar dinheiro para poder fazer um curso e melhorar o meu currículo”, planeja.

Segundo o diretor de políticas públicas da Casa do Trabalhador, Felipe Tonon, desde terça-feira da semana passada o processo de cadastro e encaminhamento para entrevista vem acontecendo para identificar os candidatos aptos a serem encaminhados para as empresas.

Ele afirmou ainda que entre as vagas disponíveis muitas são para o primeiro emprego e exigem apenas a formação no ensino fundamental. “Mas em uma avaliação prévia, perto de 85% dos candidatos estão com qualificação e especialização para os postos que procuram encaixe”, afirmou, ao revelar que só na semana passada foram 800 candidatos.

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, mostram que em2012 aCasa do Trabalhador habilitou 5.681 pedidos de seguro-desemprego na região, sendo que perto de 80% correspondem a São Carlos.

Números

1.800 buscam encaixe nas empresas do setor varejista

410 são as vagas para emprego direto na Tenda e Havan

650 pessoas lotaram a Casa do Trabalhador batendo recorde de atendimento