PIB da construção deve crescer 2% em 2019 e 3% em 2020, dizem Sinduscon-SP e FGV
A atividade
econômica da construção civil vai fechar o ano em alta pela primeira vez após
cinco anos consecutivos de queda. A perspectiva é que o Produto Interno Bruto
(PIB) da construção civil cresça 2,0% em 2019. Até o fim do terceiro trimestre,
a alta já havia alcançado 1,7%. Esse resultado positivo coloca fim a um ciclo
de retração que perdurou entre 2014 a 2018, quando o PIB setorial encolheu 30%.
Os dados foram divulgados nesta última
quinta-feira, 05, pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de
São Paulo (Sinduscon-SP) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O avanço do PIB da construção neste ano está
sendo puxado, essencialmente, pelo consumo das famílias, enquanto as atividades
empresariais ficaram em segundo plano. O levantamento mostrou que a previsão de
alta de 2,0% do PIB da construção em 2019 será composta por: autoconstrução e
reformas (3,0%), serviços especializados para obras (2,5%) e infraestrutura
(1,0%) e edificações (0,0%).
“Quem puxa o crescimento do setor continua
sendo o consumo das famílias por meio da autoconstrução, seja de reformas ou
obras novas”, destacou a coordenadora de estudos da construção da FGV, Ana
Maria Castelo.
Ela apontou que o segmento de infraestrutura tem
um crescimento muito baixo, pois há poucas obras de grande porte em andamento,
dada a falta de recursos nos cofres públicos. Já o setor de edificações, que
inclui os prédios residenciais e comerciais, ainda não decolou.
Castelo explicou que o reaquecimento do mercado
imobiliário ainda está concentrado em poucas praças, como a cidade de São
Paulo. “Esse mercado está bombando em São Paulo, mas no restante do País a
magnitude da retomada ainda é variada”, ponderou.
Em fevereiro, o Sinduscon e a FGV anunciaram a
perspectiva de que o PIB da construção iria crescer 2,0% em 2019, mas, em maio,
revisaram a projeção para 0,5%, em meio às notícias de revisão para baixo do
PIB nacional. Agora, voltaram a elevar para 2,0%.
Segundo Castelo, o resultado de 2019
surpreendeu. “O ano começou mal. Mas a partir do segundo trimestre, vimos
sinais positivos de alguns setores. O principal deles foi o de consumo das
famílias. A liberação dos saques do FGTS tem tido uma força vigorosa”,
destacou.
O presidente do Sinduscon, Odair Senra, também
celebrou a reviravolta. “A percepção é de que a crise do setor ficou para
trás”, analisou.
Com a melhora da atividade, a quantidade de
pessoas empregadas na construção civil cresceu 1,59% na comparação dos dez
primeiros meses de 2019 com o mesmo período de 2018, com a abertura de 36,5 mil
postos de trabalho. No fim de outubro, o setor empregava 2,410 milhões de
trabalhadores com carteira assinada.
2020 – Para 2020, a projeção é que o crescimento do PIB da construção seja de
3,0%, mostrando uma aceleração na comparação com 2019.
A expectativa é de que o consumo das famílias
continue como a principal força da retomada da economia, inclusive do setor da
construção.
Além disso, o presidente do Sinduscon previu que
a atividade setorial ganhará força assim que os estandes dos novos
empreendimentos imobiliários residenciais se transformarem em obras, fomentando
uma movimentação mais intensa de trabalhadores, insumos e serviços. “As
perspectivas são de um crescimento mais expressivo das edificações
residenciais”, afirmou Senra.
Ainda não está totalmente claro, entretanto, qual
será o peso do Minha Casa Minha Vida (MCMV) no PIB, uma vez que o programa
sofre com gargalos na liberação de recursos. “O MCMV pode ter impactos
negativos, se ocorrerem novas paralisações”, ponderou Castelo.