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Preços entre genéricos podem variar até 481% entre farmácias

28/05/2013 11h29 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
Preços entre genéricos podem variar até 481% entre farmácias

Em pesquisa realizada pela reportagem do Jornal Primeira Página, em farmácias e drogarias da cidade, foi possível constatar diferenças entre os preços de medicamentos genéricos de laboratórios diferentes e também de referência.

 

Foram consultadas duas opções de cada classificação, no menor valor e sem distinção de laboratório em remédios de hipertensão, tireoide, diabetes, analgésicos, antibióticos e anti-inflamatórios.

Entre os medicamentos genéricos consultados, a diferença maior encontrada entre os estabelecimentos foi para o analgésico Paracetamol, de laboratórios diferentes, que em um estabelecimento é vendido por R$ 20,28 e em outro por R$ 3,49, com a mesma quantidade de 20 comprimidos, uma variação de 481%.

Também o remédio de referência Cataflan é vendido pelo preço máximo de R$ 26,25 e o genérico Diclofenaco de Potássio é encontrado pelo preço mínimo de R$ 5,50, uma diferença de 377,28% entre os produtos.

O professor e coordenador do curso de Farmácia do Centro Universitário Central Paulista, Daniel Sivieri Cordeiro, explica que os preços dos medicamentos são regulados pela Câmara de Regulação de Medicamentos (CMED) que estipulam um teto, ou seja, um preço máximo para medicamentos, inclusive genéricos, por um determinado período de tempo.

Desta forma, os laboratórios estão “livres” para colocar o preço que desejarem até o “teto”. Quando colocam um preço superior a outros genéricos da mesma categoria, provavelmente o desconto será maior.

Outro fator que poderia influenciar na diferença de preço é o volume de compras. Uma rede de farmácia que faz uma grande compra em um determinado laboratório recebe um desconto maior e isso irá influenciar diretamente para o consumidor.

O medicamento genérico é aquele que contém o mesmo fármaco (princípio ativo), na mesma dose, forma farmacêutica e é administrado pela mesma via e com a mesma indicação terapêutica do medicamento de referência (original). 

Desta forma, o medicamento genérico tem a mesma segurança e eficácia dos medicamentos referência, pois passam por testes de bioequivalência realizados em seres humanos, os quais são apresentados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária, do Ministério da Saúde, para o registro do medicamento. 

Nesses estudos, é avaliado se a absorção, concentração no sangue e eliminação pela urina são equivalentes aos valores obtidos com os medicamentos de referência. Esses medicamentos também passam por rigorosos testes de controle de qualidade de produção como a quantidade certa de princípio ativo, ausência de contaminação e prazo de validade.

O médico Clínico Geral, Guilherme Ponte Campos, comenta que muitos médicos preferem prescrever o medicamento pelo princípio ativo, nos casos em que não há exceções por contraindicação ao paciente.

 

Diferença está nos custos das pesquisas e produção

Os medicamentos de referência são mais caros, pois nestes produtos estão incluídos os custos dos investimentos em pesquisa, testes clínicos. Além disso, estes medicamentos de referência são protegidos por patentes, ou seja, somente o laboratório que o desenvolveu e investiu pode comercializá-lo por um período de 20 anos.

Esta é uma forma dos laboratórios farmacêuticos de conseguirem um retorno ao seu investimento e assim, continuar investindo na descoberta de novos fármacos. O tempo médio necessário para a descoberta de um novo fármaco e registro de um novo medicamento é de cerca de dez anos.

O preço do medicamento genérico é, geralmente, 35% menor, pois os fabricantes de medicamentos genéricos não necessitam fazer investimentos em pesquisas para o seu desenvolvimento, visto que as formulações já estão definidas pelos medicamentos de referência. Mas isso não impede que haja competição entre os laboratórios.

Outro motivo para os preços reduzidos dos genéricos diz respeito ao marketing. Os seus fabricantes não necessitam fazer propaganda, pois não há marca a ser divulgada.

Vale ressaltar que um laboratório só pode comercializar um medicamento genérico quando termina o prazo de validade da patente do medicamento de referência. Passado esse prazo, não haveria nenhum motivo para os medicamentos de referência continuarem custando tão caro, pois os gastos em pesquisa já foram compensados. Mas eles continuam caros.

 

Fundação Procon SP constata diferença de até 1.129,21% na capital

A conclusão é da pesquisa realizada pela Fundação Procon SP, órgão vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, em farmácias e drogarias da capital. Comparando-se os preços médios dos genéricos com os de referência de mesma apresentação verificou-se que, em média, os medicamentos genéricos são 54,68% mais baratos do que os de referência.

Entre os medicamentos genéricos, foi possível detectar diferença de até 1.129,21%. O medicamento Paracetamol, 200 mg/ml, gotas 15 ml, custava R$ 0,89 em um estabelecimento e em outro, R$ 10,94. Diferença de R$ 10,05 em valor absoluto. Quanto aos de referência, a maior diferença entrada foi de 280,03%. O Amoxil (Amoxicilina),Glaxosmithkline, 500 mg, 21cápsulas, foi encontrado em um estabelecimento da capital paulista pelopreço de R$ 14,67 e em outro, por R$ 55,75. Diferença de R$ 41,08 em valor absoluto.

No interior paulista, a maior variação de preços entre os medicamentos genéricos apontada pela pesquisa da Fundação Procon SP em 12 cidades, foi de 1.143%, entre farmácias da cidade de Bauru, para o medicamento Paracetamol. Quanto aos medicamentos de referência a maior variação também foi encontrada em Bauru, o Dexason teve variação de até 354% entre os estabelecimentos.

 

A pesquisa foi realizada nas cidades de Caçapava, Campinas, Jacareí, Jundiaí, Marília, Praia Grande, Presidente Prudente, Santos, São José dos Campos, Sorocaba, Taubaté.

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