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Transporte faz IPCA-15 acelerar em agosto

22/08/2012 16h28 - Atualizado há 12 anos Publicado por: Redação
Transporte faz IPCA-15 acelerar em agosto

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) acelerou o passo em agosto influenciado sobretudo por transportes e alimentação, mas analistas entendem que o movimento não foi suficiente para mudar a perspectiva sobre a política de afrouxamento monetário no curto prazo.

 

Mas à frente, no entanto, as dúvidas ganharam mais força e já há quem não descarte mudar suas estimativas de cortes adicionais na Selic – hoje na mínima histórica de 8 por cento ao ano – em outubro.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira, 22, que o IPCA-15 subiu 0,39 por cento em agosto, ante alta de 0,33 por cento em julho, um pouco acima do esperado pelo mercado.

Pesquisa realizada pela Reuters apontou que o indicador, uma prévia da inflação oficial do país, avançaria 0,36 por cento em agosto, de acordo com a mediana das previsões de 21 analistas. As estimativas variaram de 0,31 a 0,43 por cento.

No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 registrou alta de 5,37 por cento, também acima dos 5,24 por cento vistos um ano antes e afastando-se do centro da meta do governo, de 4,5 por cento pelo IPCA. Pesquisa da Reuters indicou alta de 5,34 por cento no período, com as projeções variando entre 5,30 e 5,40 por cento.

 

TRANSPORTES E ALIMENTAÇÃO

Segundo o IBGE, os principais vilões neste mês foram os grupos Transportes e Alimentação e bebidas. O primeiro havia registrado queda de 0,59 por cento em julho e, em agosto, apresentou estabilidade de preços.

O movimento no período veio de automóvel novo (-2,47 para 0,04 por cento); ônibus interestadual (1,49 para 3,40 por cento), entre outros. Analistas já esperavam que esse segmento parasse de ajudar no indicador de inflação pelo fim do efeito das recentes reduções feitas pelo governo nas alíquotas do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para o setor automotivo.

Já o grupo Alimentação e Bebidas, embora tenha desacelerado a alta de 0,88 por cento em julho para 0,76 por cento em agosto, foi o que registrou a maior variação no IPCA-15 neste mês.

O economista da Tendências Thiago Curado destaca que os preços dos alimentos devem continuar chamando a atenção nos próximos meses, principalmente diante da quebra das safras de soja e milho nos Estados Unidos.

“Isso deve ser repassado em setembro e outubro via preços de carnes”, disse ele.

O resultado do IPCA-15 corrobora a aceleração nos preços nas últimas semanas, como já vinham sinalizando vários indicadores de inflação. Entre eles, o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), que registrou alta de 1,38 por cento na segunda prévia de agosto, ante elevação de 1,11 por cento no mesmo período de julho.

Em julho, o IPCA havia acelerado para 0,43 por cento, a maior variação mensal desde abril, acima das expectativas e ante 0,08 por cento no mês anterior. O vilão dos preços foram os alimentos “in natura”, por conta de problemas climáticos.

 

MAIS CORTES NA SELIC?

A recente pressão sobre os preços está deixando parte dos agentes econômicos em alerta quando o assunto é mais cortes, a médio prazo, na taxa básica de juros.

Para a próxima semana, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne novamente, as apostas continuam de que a Selic será reduzida para 7,50 por cento ao ano.

Mas sobre os passos seguintes, o mercado se mostra mais dividido. Há quem aposte em mais uma redução de 0,25 ponto percentual em outubro, o que levaria a taxa básica de juros a 7,25 por cento, e outros que apostam em estabilidade.

“Existe uma lacuna aberta para a reunião de outubro. Não se sabe qual vai ser a postura do BC diante de uma inflação acima do centro da meta, ao mesmo tempo em que a atividade deixa de ser uma âncora”, disse o economista-sênior da Franklin Templeton, Carlos Tadeu de Freitas Filho, que calcula o IPCA no final deste ano em 5,10 por cento e Selic a 7,50 por cento.

O economista referia-se aos recentes indicadores sinalizando que a atividade pode estar se recuperando, depois de meses de apatia causada sobretudo pela crise internacional.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), subiu 0,75 por cento em junho frente a maio, encerrando o segundo trimestre com alta de 0,38 por cento ante o primeiro.

Também as vendas no varejo brasileiro surpreenderam, ao registrarem alta de 1,5 por cento em junho ante maio, muito acima da expectativa do mercado de recuo de 0,3 por cento.

“Se a inflação continuar vindo com números mais fortes, tira o argumento de os juros caírem mais uma vez. Além disso, a atividade pode começar a ter uma performance melhor em todos os lados. Portanto, para outubro, teremos que esperar mais alguns dados”, destacou o economista da Votorantim Corretora, Bruno Surano.

Por enquanto ele mantém a expectativa de Selic a 7,25 por cento neste ano, mas não descarta uma revisão.

A visão de que a atividade em recuperação pode pressionar mais os preços é rebatida pelo governo. O presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou na sexta-feira que o crescimento da economia vai acelerar nos próximos trimestres, mas que o movimento ocorrerá com preços sob controle.

 

METODOLOGIA

O IBGE informou que, no grupo Despesas pessoais, os itens empregado doméstico e mão-de-obra para pequenos reparos tiveram uma diferença na metodologia de cálculo, devido à falta de dados da Pesquisa Mensal de Emprego referente a junho para o Rio de Janeiro.

Assim, para a região foram utilizados os últimos rendimentos disponíveis, no caso os de maio, para estimar a tendência da série de rendimentos em agosto.

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