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Usinas de açúcar e etanol vivem processo de fechamento

19/02/2013 11h30 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
Usinas de açúcar e etanol vivem processo de fechamento

Das 330 usinas de açúcar e etanol da Região Centro-Sul do Brasil, responsáveis por 90% de toda a cana-de-açúcar processada no País, 60 deverão fechar as portas ou mudar de dono nos próximos dois a três anos, de acordo com o levantamento do Itaú BBA para o setor.

 

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) tem confirmação de que pelo menos dez usinas deixarão de processar a safra 2013/2014, por dificuldades financeiras. Entretanto eles não podem afirmar quais são e onde elas estão situadas no País.

De acordo com o diretor de comunicação da Unica, Adhemar Altieri, o setor está deficitário diante do aumento no custo da produção do etanol, no valor da terra de plantio e salários para profissionais qualificados que levaram a um desequilíbrio das usinas provocando a falta de investimento. Ele atendeu a reportagem do Primeira Página para mostrar o panorama do setor.

“O etanol concorre diretamente com a gasolina, esta que tem do governo federal uma série de desonerações fiscais para manter o preço baixo, enquanto o etanol chega ao mercado sem essas vantagens”, disse.

Altieri afirmou que as medidas pontuais são bem-vindas como o aumento de 25% de etanol na mistura da gasolina, mas o segmento necessita de medidas em longo prazo para que o investidor possa se interessar em construir novas usinas. “Hoje um novo investimento está fadado ao fracasso diante das políticas públicas adotadas pelo governo na manutenção do controle preço da gasolina. Se pelo menos soubéssemos quais os critérios estabelecidos no controle do preço. Mas isso não acontece”, relatou.

O diretor de comunicação também ressaltou que o investimento do empresariado na matriz energética renovável feita no Brasil coloca o País de forma singular no mercado mundial.

“O etanol gera mais empregos que a gasolina, é ecologicamente correto, genuinamente brasileiro e é um combustível limpo que merecia, como em outros ponto do mundo, privilégios do governo. O consumidor não esta atento a esses detalhes na hora de abastecer”, declarou ao afirmar que a frota brasileira já está em 56% de carros flex e que isso é uma vantagem para o consumidor que escolhe na bomba o melhor combustível.

Ele considera que para uma retomada do setor, com crescimento da produção do etanol e açúcar na demanda que o consumo mundial projeta, o governo brasileiro tem também de criar linhas de crédito específicas para o setor estimulando o investidor apto a crescer.

O Mercado

Setor sucroalcooleiro está endividado

 

 

Dados mostram que 36 usinas entraram em recuperação judicial nesses cinco anos. Pior: no mesmo período, 43 foram desativadas e a grande maioria jogou a toalha nos últimos dois anos.

EFEITO CASCATA – Em 2012, o setor sucroalcooleiro eliminou mais de 18 mil postos de trabalho no País, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), feito com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. O quadro tende a se agravar este ano.

 

Além de faltar recursos para renovar e ampliar o canavial, as usinas colheram três safras consecutivas afetadas por problemas climáticos, o que aumentou o custo. Também tiveram de investir na mecanização do plantio e colheita da cana.

Para piorar, o setor alega não ter como repassar o aumento de custo para o preço, por causa da concorrência da gasolina e dos preços do açúcar fixados no mercado internacional. Custos em alta e margens comprimidas resultam em aumento do endividamento.

Nem mesmo o reajuste recente no preço da gasolina foi suficiente para trazer alívio às usinas, diz a Unica. A Petrobrás reajustou em 6,6% o valor cobrado pelo combustível, o que teve impacto, para o consumidor, entre 4,2% e 5,3, segundo especialistas.

O impasse econômico deve elevar o endividamento do setor sucroalcooleiro para R$ 56 bilhões ao final da safra 2013/2014, conforme levantamento do Itaú BBA. A dívida deve crescer R$ 4 bilhões em relação aos valores da safra anterior (R$ 52 bilhões) e se aproximar do faturamento das usinas do Centro-Sul, estimado em cerca de R$ 60 bilhões. (Hever Costa Lima)

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