Venda de carros novos salta 50% em São Carlos
Com o fim da redução do IPI próximo, e próximos os acréscimos de final de ano na renda dos consumidores, comércio de veículos zero quilômetro aumenta em até 50%: “O 1º semestre de 2012 não foi tão favorável ao mercado automobilístico. No 2º, principalmente à queda do IPI, nossas vendas cresceram de 30% a 50% em comparação com o 1º. Devido ao brasileiro sempre deixar as coisas para última hora, sempre as vendas acontecem no último mês antes do fim da redução do IPI. Como não sabiam se iria ou não ter o prolongamento do IPI em agosto, esse foi um mês de grandes vendas. No mês de setembro, em geral, a procura não foi tão grande. E a tendência em outubro é a gente arrebentar de vender”, explica Durval Nascimento, supervisor de vendas da concessionária da Citroën.
Segundo Nascimento, no fim do ano um fenômeno tende a ser geral: “Por haver lançamentos, produtos qualificados, e permanecendo com taxa zero, com até 48 meses para financiamento, a tendência é vender carro. Em novembro, devido ao 13º, férias, e tudo o mais que é agregado à renda dos trabalhadores, o mercado flui sozinho”, diz o supervisor, que não acredita em mais um prolongamento da redução do IPI, prevista para acabar em 31 de outubro para os veículos.
Outra concessionária vive a seguinte situação: “A venda do carro zero tem mais demanda do que produto”, explica Paulo Rodrigo, gerente de vendas da Fly. “Nós da Ford estamos com uma demanda muito grande e com pouco carro. Isto porque as fábricas não esperavam a prorrogação da redução do IPI, e elas estavam prevendo férias. Com a prorrogação do IPI, houve grande demanda, e a fábrica não deu conta de atendê-la”, diz Rodrigo, que ainda explica:
“Agora a fábrica voltou, está tentando repor esses veículos, para os quais não estamos cobrando ágio, ou seja, preço maior do que a tabela, ainda que algumas concessionárias façam isso. Estamos também fazendo uma lista para entrega dos carros. Vendemos agora para garantir a entrega do veículo antes do fim do IPI. A expectativa é que entreguemos todos os veículos este mês”, afirma, e complementa: “A Ford bolou um plano upgrade: o carro completo 1.6 está sendo vendido ao preço do carro 1.0. Quer dizer, o cliente ganha com isso R$ 3 mil, R$4 mil. E com isso acelerou muito a venda, e mais com a queda do IPI, que é basicamente 2% da Ford e 7% do governo, o carro ficou muito barato”, explica, resumindo o quadro do seguinte modo: “Tem a promoção da Ford, tem o 13º, tem taxa zero em alguns veículos. Tudo isso são fatores que ajudam no aquecimento do mercado”.
PREOCUPAÇÃO
A situação vivida pela Ford ilustra uma preocupação que José Paulo Coli, diretor regional da Fiesp, expôs ao Primeira Página quando do anúncio da prorrogação da redução do IPI,no início de setembro : “Essa queda é boa para o consumidor. É melhor ter essas ações pontuais do que não ter nada. Mas esses processos de solavanco dificultam o planejamento e desregulam relação entre produtor e varejista. Como planejar ações para daqui a 5, 10 anos, se não sei o que vai acontecer depois de dezembro?”, questionou Coli na ocasião.
