VEXAME DO GRÊMIO
A diretoria do Grêmio está ficando experiente, experiente em perder acessos dentro de casa
Sérgio A. Piovesan
Pelo terceiro ano consecutivo o Grêmio refuga nas finais e vê o acesso fugir dentro de casa, frustrando sua enorme torcida que foi ao Luisão e novamente saiu decepcionada.
Pretendo ser objetivo em minha análise. Mas não consigo deixar de ser amargo e evitar que o fígado supere a razão.
Não adianta a direção ganhar prêmio administrativo da FPF se no campo de jogo as coisas não funcionam. Parece o caso daquela empresa que recebia ISO 8000, ISO 9000 e estava pré-falimentar.
Nos últimos 10 jogos, o Grêmio venceu 4, perdeu 4 e empatou 2 com 48,6% de aproveitamento. Isso é campanha de time que quer subir?
Eu acho que a direção do Grêmio deveria ser menos lacônica e dar explicações objetivas pela demissão da ex-comissão técnica e pela manutenção da interina.
Víamos um time sem repertório, sem variação, claramente mal treinado que não conseguia rocar mais de 3 passes antes de perder a posse de bola: usando chutões e cruzamentos.
Se esse time foi montado para subir precisa ser responsabilizar quem contratou, pois alguns atletas do elenco não tinham condições de jogar no Lobão. Porém, se alguns atletas eram de empresários contribuintes, posso até entender. Aí, está explicado.
Na reta final, o Grêmio anunciou que iria trazer reforços e não trouxe.
Quando o Grêmio Esportivo subiu à Primeira Divisão, trouxemos alguns reforços como Nívio (um cracaço), Fernandão (ex-Santos), Leba (irmão do Muller) e outros, sendo o acesso natural.
O prejuízo institucional desse vexame vai ser enorme. Um torcedor símbolo do Lobão que é deficiente e usa muletas, me dizia após o jogo com o Vocem que o acesso estava “no papo”. Ele saiu do Luisão arrasado, decepcionado, dizendo que não viria mais, que iria dar um tempo.
Um outro torcedor, advogado, idoso, também se sentia ludibriado com promessas não cumpridas e iria deixar de perder tempo.
Esse sentimento é o mesmo de milhares de torcedores. É um desgaste enorme que será sentido daqui pra frente.
Quanto ao time o Grêmio não era melhor e nem pior que os outros sete do G-8, mas lembrava os times do Viola – sem vibração, sem sangue nos olhos, sem vontade de vencer.
Numa decisão precisamos entrar pilhados, empurrar o adversário para trás. Não foi o que se viu num time apático, formal, burocrático e sem objetivo.
Alguns jogadores me decepcionaram. Não vou citar nomes, mas acho que muita gente tem parcela de culpa.
Hoje, o futebol exige planejamento antecipado, técnico com currículo vencedor e experiência em acessos, comissão técnica idem. Nunca vi clube revelar treinador e obter vantagens.
Aliás, a diretoria do Grêmio está ficando experiente, experiente em perder acessos dentro de casa.
Finalizo com uma frase antiga usada no México: “Jogamos como nunca e perdemos como sempre”.
