Compulsão alimentar, será que é só fome?
Todo conteúdo de informações e imagens são de responsabilidade do colunista
Nessa semana, será discutido um pouco mais a fundo sobre um transtorno alimentar que muitas vezes é deixado de lado, mas é tão sério quanto a anorexia e a bulimia, que é a compulsão alimentar. Afinal, a alimentação é algo necessário e que está dentro dos nossos encontros sociais. Mas, o que acontece quando ela ocorre sem a nosso controle?
A compulsão alimentar é um comportamento obsessivo, através do qual a pessoa busca uma sensação de acolhimento, amor, nutrição ou de atribuição de sentido para a vida, pelo consumo exagerado de alimentos em um curto período de tempo. E isso ocorre de forma repetida ao longo dos dias e semanas.
Sabe-se também, que nos momentos de compulsão ocorre um desligamento temporário da realidade. Assim, a pessoa que sofre desse transtorno, não se dá conta que está consumindo grandes quantidades de alimentos, até que chegue ao ponto de passar mal. E, pode (ou não) ser seguido por situações de vômito induzido, justamente para evitar essa sensação ruim.
São comuns frases como: “eu não paro enquanto não vejo o fim de tal alimento”, “quando eu bebo algo, nem percebo”, “quando eu como parece que nunca fico satisfeito” ou “quando vi, já estava sentindo que ia explodir”.
Nesse quadro os alimentos consumidos são geralmente aqueles hiper palatáveis, ou seja, os ricos em sal, açúcar, gorduras ou flavorizantes. Esses levam a um prazer imediato, abundante e aditivo. Desse modo, o seu mecanismo de funcionamento se assemelha ao de consumo de drogas psicoativas. O que faz com os sintomas se perpetuem e sejam difíceis de serem superados.
Mas, o que leva uma pessoa à compulsão alimentar? Para a psicologia, é um transtorno multifatorial. Podendo estar associado a outros quadros, como a depressão ou ansiedade, nos quais o comer é usado para aliviar os sintomas dessas. Ou a causas sociais e culturais, por exemplo. Pessoas que são criticadas por seu físico, desenvolvem comportamentos como comer escondidos e rapidamente, ou usar o alimento como uma fuga e conforto para as críticas, levando a um padrão desregulado de alimentação para toda uma vida.
Consequentemente, é comum que pessoas que sofrem deste transtorno apresentem sobrepeso e um descontentamento com o seu corpo. Além de sentimentos de descontrole, culpa, desgosto de si mesmo, vergonha e tristeza que acompanham os episódios de compulsão.
Levando em conta todos esses fatores, o tratamento para esses casos é feito por uma equipe multifatorial. Composta comumente por nutricionista, educadores físicos, psiquiatras e psicólogos.
Na psicoterapia é possível entender sobre a regulação emocional através da alimentação, lidar com os sentimentos de desregulação, culpa, aderir melhor aos planos alimentares, bolar estratégias alternativas para a compulsão, tornar o comer uma atividade consciente e lidar com as causas do transtorno.
Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)
Psicanalista especializado em gênero e sexualidade
Redes: @psi_matheuswada
Telefone: (16)99629-6663
Email: [email protected]