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Eu convivo com uma pessoa narcisista?

Ao falarmos de um narcisismo adoecedor estamos falando de um indivíduo que admira e ama exageradamente a si mesmo

28/07/2023 14h42 - Atualizado há 1 ano Publicado por: Redação
Eu convivo com uma pessoa narcisista?

Muitas vezes usamos a frase “não aguento alguém tão narcisista”. Mas, será que essa pessoa realmente tem um transtorno?

O narcisismo, para a psicanálise, nem sempre é patológico. Essa é uma fase do desenvolvimento vital ao indivíduo. É nesta fase que um bebê aprende a ter uma noção de si mesmo, desenvolve seu ego e que esse ego não está ligado e nem dependente da figura da mãe. É o começo da independência do bebê como pessoa.

Ainda falando de um narcisismo mais saudável, que todos temos, podemos falar sobre como ele nos ajuda no dia-a-dia, pois permite que desconfiemos de nós mesmos, busquemos novos conhecimentos, aceitemos mudanças e que a gente conviva com o outro. Mas, e quando o narcisismo começa a ser patológico?

Ao falarmos de um narcisismo adoecedor estamos falando de um indivíduo que admira e ama exageradamente a si mesmo. E, assim como no mito grego, Narciso odeia a tudo que não é seu espelho. O faz porque não suporta que o mundo seja diferente dele. Como resultado pessoas narcisistas costumam ser egocêntricas e mais “fechadas”. Além disso, qualquer pessoa mais narcisista é odiadora ferrenha de qualquer mudança ou de pessoas que sejam diferentes dela, seja por aparência, classe social, cor da pele ou sexualidade.

Junto a isso, para os narcisistas, há uma grande preocupação com a aparência. No caso, possíveis imperfeições físicas são supervalorizadas, mesmo que isso não corresponda com a realidade, pois há a sensação de que as imperfeições os tornam inferiores ao olhar do outro. É comum que essas pessoas busquem ter aparências dignas de inveja ou mais padronizadas, justamente para evitar possíveis críticas.

Há o desejo de serem amados e adorados constantemente. E, quando esse desejo não se concretiza, a resposta pode ser agressiva. Isso porque, se sentem criticados, ignorados ou não amados. Nesse caso, narcisistas comumente buscam por locais ou profissões de poder ou de visibilidade, em que esse desejo pode ser atendido com facilidade.

Estes também têm tendência a não perceber os outros e não os valorizar. Embora, o narcisista precise ser valorizado pelo outro, esse “outro” é um terror na mente do narcisista; visto que, psiquicamente é insuportável a existência de algo ou alguém digno de amor que não seja ele mesmo – que o leva a uma dificuldade em formar laços ou relações profundas e duradouras. O narcisista suporta a presença do outro, mas como uma referência a qual irá se sobressair, e não uma pessoa que irá ter afeto.

Por último, quando falamos sobre a terapia com uma pessoa narcisista, é preciso entender que estamos falando de alguém que está com o ego mais fragilizado. E, por isso, precisa se autoafirmar e se defender a todo tempo. Então, esse ego busca criar uma imagem de força, mesmo que essa imagem não seja condizente com a realidade. Essas tarefas são cansativas e geradoras de sofrimento não só para as pessoas em volta, mas também para a própria pessoa narcisista. Por isso, por mais difícil que possa ser, precisamos entender que essas pessoas também precisam de ajuda e acolhimento.

 

Psicólogo formado pela PUC-Campinas.

Psicanalista pós-graduado pela Mackenzie-SP.

Especializado em Psicanálise, Gênero e Sexualidade pelo Instituto Sedes Sapientiae.

 

Matheus Wada Santos

CRP 06/168009

@psi_matheuswada

(16)99629-6663

[email protected]

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