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Vício em drogas e a política de redução de danos

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12/11/2023 06h01 - Atualizado há 6 meses Publicado por: Redação
Vício em drogas e a política de redução de danos

A toxicomania, ou o vício em drogas, é uma questão que afeta não só a esfera da psicologia, mas também do social. Pois o usuário acaba por influenciar e comprometer todos em seu convívio. A política de redução de danos tem se provado a melhor forma de lidar com as adicções.

Para a psicanálise, a adicção (o vício) pode ser considerada como uma tentativa compulsiva à realização de uma ação, que se repete incessantemente e é dirigida a um mesmo objetivo: evitar um sofrimento. Nessa lógica, a substância (droga) toma o lugar privilegiado de objeto de amor. Daí a dificuldade de se desvencilhar dela.

Porém, esse novo sintoma (a toxicomania) é algo que, na verdade, cobra um sofrimento da pessoa. Pois, por trás da experiência compulsiva há algo da ordem de um trauma, algo que ultrapassa a ordem de suportar.

E quando essa experiência retorna, as drogas aparecem como um tamponamento do “EU”. No entanto, a pessoa só pode desejar, ser e viver, nos períodos enquanto existe e aparece.

Mas, enquanto se está sóbrio também pode surgir a angústia, sentimento pelo qual o indivíduo toxicomaníaco se desacostuma a lidar.

Deste modo, para que se abandone o vício das drogas, é preciso não só o desejo e disposição do usuário, mas que se tenha outros lugares, outros objetos para que se possa vincular, outras alternativas para elaborar, lidar e ser acolhido. É preciso que se possa escolher outros objetos de amor. Além disso, é preciso deslocar a compulsão para algo que gere saúde, para que o sujeito não seja dominado pela pulsão destrutiva.

Um modo de fazer isso é através da lógica da redução de danos que é um conjunto de estratégias que visa diminuir os danos causados pelas drogas, e não a prevenção ao seu uso. Busca passar informações, sem moralismos ou preconceitos.

A ideia é de que o risco diminui uma vez que a pessoa sabe o que se está usando e como isso irá lhe afetar, permitindo que se faça um uso mais responsável. E, uma vez que o usuário perceba que a substância está lhe causando mal, diminua de forma consciente.

Pesquisas também mostram que estratégia de redução de danos é mais funcional e dá mais resultados do que estratégias de retirada brusca de substâncias. Pois essas têm maiores taxas de reincidência de usuários e de crises violentas de abstinência.

Para que essas estratégias possam ser aplicadas de uma maneira correta, com menor risco de recaídas e crises de abstinência, é preciso o acompanhamento de profissionais da saúde e saúde mental, uma equipe multiprofissional. Composta por médicos e psicólogos, por exemplo. Se você conhece alguém que está passando por isso, lembre-se que não precisa enfrentar essa situação só.

 

Psicólogo formado pela PUC-Campinas.

Psicanalista pós-graduado pela Mackenzie-SP.

Especializado em Psicanálise, Gênero e Sexualidade pelo Instituto Sedes Sapientiae.

Matheus Wada Santos

CRP 06/168009

@psi_matheuswada

(16)99629-6663

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