O centro de uma cidade é sua alma
A Prefeitura divulgou recentemente uma proposta chamada – equivocadamente – de revitalização da área central de São Carlos.
Mesmo sem projeto completo, ela é suficiente para temer que São Carlos esteja na contramão de todas as cidades, no Brasil ou no exterior, preocupadas com a qualidade de vida urbana e com a valorização dos centros urbanos.
Abrir o calçadão da General Osório e a Praça do Mercado ao tráfego e estacionamento de automóveis não resolve nenhum problema sério de circulação e degrada ainda mais os poucos espaços de circulação e lazer do pedestre na cidade.
O trânsito em São Carlos é ruim. Mas essa proposta só reforça a política ultrapassada de entregar mais espaço aos automóveis e assistir impassível à degradação progressiva do transporte coletivo, do espaço dos pedestres e das precárias condições de circulação por bicicleta.
A mobilidade urbana exige, hoje, em qualquer lugar do planeta, um planejamento a curto, médio e longo prazos e a redefinição do equilíbrio entre pedestre, bicicleta, transporte coletivo e automóvel.
Nosso transporte coletivo não se oferece como alternativa aceitável para quem tem automóvel e há anos a administração não se dedica a enfrentar a sério esse tema.
Hoje, mesmo o motorista que não queira ir ao centro, a compras, negócio ou lazer, é obrigado a passar pelo centro. O sistema estrutural de circulação motorizada, oferecendo alternativas de acesso interbairros sem passar pelo centro, não se resolve em quatro anos.
Mas é exatamente por isso que não pode ser abandonada ao sabor das idiossincrasias de cada mandato municipal.
São Carlos tem competência técnica nas suas universidades para buscar soluções muito melhores e os seus cidadãos tem o direito de discutir o futuro da cidade.
A audiência pública do dia 7 de junho deve ser o início – e não o final – desse debate.
Professor Titular do IAU USP S. Carlos