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11/10/2014 13h04 - Atualizado há 10 anos Publicado por: Redação
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O Recruta Zero

 

E se o esporte tem muitos causos folclóricos, o futebol lidera o ranking. Para não perder muito tempo, vamos rir com alguns. Já falei aqui de um site muito legal de endereço causosdabola.com.br, de onde Victor Kingma retira várias de suas famosas histórias. Tomei a liberdade de contar uma aqui.

Os dois recrutas de um pequeno quartel do interior mineiro estavam eufóricos: haviam sido pré-selecionados para a seleção estadual do exército. Se aprovados nos treinamentos passariam uma temporada no quartel central, na capital, se preparando para o campeonato nacional das corporações.

Afinados dentro e fora dos gramados os primos Juca e Zequinha, confirmando a fama de craques que tinha ultrapassado as fronteiras de sua cidadezinha, logo começaram a se destacar nos treinamentos. E passaram a ser a grande esperança do time da tropa, deixando encantando o Tenente Frota, o técnico.

Contudo, havia um grande problema a ser superado: o rígido comandante do batalhão não permitia que nenhum soldado jogasse na seleção se primeiro não passasse por um teste cívico. Aquele que apresentasse falta de patriotismo seria dispensado.

Se para Juca esse problema não existia, pois era disciplinado e apaixonado pela caserna e sabia tudo das normas militares, para Zequinha o fato era uma tortura, pois era desligado e pouco apegado a regras e livros. O seu descaso com o estudo, aliás, lhe rendeu o apelido que trazia desde os tempos do grupo escolar: “Zé Colinha”. 

No dia do teste cívico, tem início o pesadelo. Juca é o primeiro a ser arguido pelo comandante:

“Soldado, como se chama esse lugar onde estamos?”

“É o quartel, capitão!”

“Não é só o quartel, soldado! Fique sabendo que isso aqui agora é sua casa!” 

“Como se chama a roupa que você está vestindo?”

“É a farda, comandante!”

“Não é só a farda, recruta! Isso agora é a sua pele.” E continua a arguição:

“Qual o nome daquilo que está hasteado ali no mastro?”

“É a Bandeira Nacional, comandante!”

“É muito mais que a Bandeira Nacional, soldado! Aquilo ali é a sua MÃE!”

Chegara a vez do segundo a ser entrevistado, o Zé Colinha, que, ouvindo tudo em pé atrás da porta, descobriu tudo que o comandante, em voz alta, comentava.

“Soldado, como se chama esse lugar em que estamos?”

“É o quartel, mas agora também é a nossa casa, né, comandante!”

“Parabéns, soldado!”

“E como se chama essa roupa que você está vestindo?”

“É a farda, que agora é nossa pele, capitão!”

“Muito bem, meu craque! Você é um exemplo de civilidade. É de soldados assim que estamos precisando aqui no quartel.”

“Acho que nem devia te perguntar mais nada, mas, para terminar, o que é aquilo que está pendurado ali no mastro?”

“E tia Zefa, mãe do Juca, comandante!” 

 

(*) O autor ocupa este espaço aos domingos. E-mail: [email protected] 

 

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