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DDM solicita acompanhamento de psicólogo e assistente social em casos de violência

11/04/2014 21h28 - Atualizado há 10 anos Publicado por: Redação
DDM solicita acompanhamento de psicólogo e assistente social em casos de violência

O combate à pedofilia foi o tema de uma audiência pública que aconteceu quinta-feira, 10, na Câmara de São Carlos. Tema proposto pelo vereador Aparecido Penha (PPS) para a discussão, o encontro reuniu representantes da Prefeitura, do Conselho Tutelar, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e das polícias Civil e Militar. De doze encaminhamentos propostos, dois foram destacados, a implantação do Depoimento sem Dano pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) em que o depoimento da criança ou do adolescente vítima de violência é gravado e tem o acompanhamento de psicólogo e assistente social e a capacitação dos professores das rede municipal e estadual de ensino com o propósito de identificar situações e comportamento dos estudantes vítimas de violência. O ponto negativo do encontro é que de 13 promotores públicos convidados, inclusive um federal, nenhum compareceu à audiência. O secretário de Educação, Carlos Andreucci e a dirigente regional de ensino, Débora Costa Blanco não apareceram e não mandaram representantes para o debate.

 

“Estou surpresa pelas pessoas que não compareceram à audiência. Deveríamos travar, nesse encontro, as diretrizes que subsidiam as bases de um projeto de combate à pedofilia. A pedofilia é a mãe dos crimes hediondos. Ela aproveita da inocência da criança e, infelizmente, também lamento a pouca presença de pessoas da sociedade para a discussão do tema”, desabafou a advogada Célia Regina Vieira.

 

FAMÍLIA

O tenente Renato Gonzales, da Polícia Militar, destacou que a degredação familiar, em muitos casos, facilita a ação dos pedófilos. “Criança precisa de educação e atenção. Hoje é muito mais fácil dar um computador para o filho para que ele deixe os pais em paz. Os pais deixam de ser pais. Não se tem diálogo em casa”.

Ele traçou um perfil do pedófilo. Geralmente é solteiro, tem idade entre 30 e 60 anos, é inteligente e de agradável convivência. A sexualidade precoce estabelecida nos meios de comunicação contribui para a pedofilia, na opinião do tenente.

“O bom relacionamento familiar previne os casos de violência sexual, mas infelizmente muitos pais transferem a responsabilidade da educação para a escola e nesse distanciamento é que o pedófilo aceita de braços abertos a criança”.

A delegada Denise Gobbi Szackal, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), afirmou que o pedófilo é uma pessoa acima de qualquer suspeita. Ela contou situações que se deparou durante os nove anos em que está à frente da delegacia. Um dos casos remete a um caso de violência cometido por um pedófilo contra 12 crianças de uma mesma família. “Uma das crianças contou na escola. Disse que os pais sabiam do caso e os professores pensaram que houve a denúncia à polícia, o que não tinha ocorrido. A violência continuou por mais três meses”.

Denise apontou a necessidade de um psicólogo e um assistente social na delegacia, com o objetivo de implementar o Depoimento sem Dano. “Uma criança torna-se vítima por várias vezes do crime quando relembra a violência sofrida em cada depoimento. O Depoimento sem Dano consiste, além do acompanhamento, a gravação da história contada pela criança uma única vez, com o objetivo de poupá-la psicologicamente”.

 

Debatedores pedem envolvimento da escola no combate à pedofilia

Além de um bom alicerce familiar, a participação da escola no combate à pedofilia é fundamental. A psicóloga e secretária de Infância e Juventude, Beatriz Tolentino, relatou que nas escolas que abrigam alunos de classes sociais mais elevadas há um bloqueio para discutir o assunto pedofilia. “Fiquei assustada com essa postura. A violência sexual praticada por um pedófilo é um trauma que a pessoa carrega para o resto da vida”.

A conselheira tutelar Neisa Godoy observou que os professores são despreparados para identificar casos de pedofilia. “Muitas vezes a criança apresenta, na escola, sinais de que é violentada em casa, mas os professores não estão capacitados para notar esses sinais”.

O diretor presidente do Salesianos São Carlos, padre Paulo Porfilo, salientou que a entidade cuida de 650 crianças entre 5 e 14 anos e que os casos de pedofilia precisam de entendimento das circunstâncias que levaram à violência e o acolhimento dos mais diversos segmentos da sociedade.

 

SUGESTÕES – A audiência também apresentou os seguintes encaminhamentos: criação do 2º Conselho Tutelar, para seu fortalecimento; compromisso da Polícia Militar em orientar os policiais pertencentes ao efetivo da Ronda Escolar e do Programa de Repreensão de Uso de Drogas (Proerd) para reforçar a fiscalização e prevenção e coibir a presença de suspeitos de pedofilia nas escolas; trabalho de capacitação dos professores, dos pais e das próprias crianças, por meio de um projeto conjunto de prevenção, envolvendo todos os presentes na audiência, compromisso da Guarda Municipal de colaborar em suas ações de patrulhamento na identificação de suspeitos de pedofilia nas escolas; criação de mais vagas de psicólogos no Centro de Referência em Assistência Social (Creas), contato com a Universidade Federal de São Carlos, por intermédio do Laboratório de Análise e Prevenção da Violência (Laprev), visando firmar convênio com a Prefeitura Municipal para a capacitação de professores, pais e alunos da rede municipal e de escolas particulares, nas questões de violência contra crianças e pedofilia, criação de uma comissão mista de combate à pedofilia, que trabalhará também na capacitação de educadores; aumento e criação, no Hospital Escola ou no AME, de um departamento para a pronta assistência às crianças vítimas de violência e atos de pedofilia. “Agora a nossa luta é para que essas propostas sejam colocadas em prática. A pedofilia é um caso sério e que necessita de uma ação conjunta de toda a sociedade”, disse o vereador Penha.

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