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“Eleição deste ano será a da polarização”, diz Felipe Nunes

Ele ressalta que os temas locais seguem tendo relevância, mas pontua que a pauta de costumes, por exemplo, veio para ficar

01/04/2024 11h26 - Atualizado há 1 mês Publicado por: Redação
“Eleição deste ano será a da polarização”, diz Felipe Nunes

Em entrevista exclusiva ao Jornal Primeira Página, o diretor da Quaest Pesquisa e Consultoria, Felipe Nunes, fala sobre a expectativa em relação às eleições municipais deste ano. Na visão de Nunes, a polarização vista em 2022 continuará dando a tônica na disputa eleitoral. Ele ressalta que os temas locais seguem tendo relevância, mas pontua que a pauta de costumes, por exemplo, veio para ficar.

Confira a íntegra da entrevista:

Como vê o impacto da polarização na eleição municipal?

Não tenho dúvida de que, assim como a eleição municipal de 2016 foi a da nova política, com candidatos que se apresentavam como “outsiders” da política tradicional, e a de 2020 foi a da pandemia, em que o destaque foi para a gestão da Covid-19, a deste ano será a da polarização.

Isso porque tivemos em 2022 a eleição mais disputada da História, e de lá para cá não há sinais de arrefecimento da polarização que se cristalizou ali. Ao contrário, como ficou demonstrado em 8 de janeiro de 2023, os dois campos estão consolidados, ou calcificados, como eu e o jornalista Thomas Traumann definimos no livro “Biografia do Abismo – como a polarização divide famílias, desafia empresas e compromete o futuro do Brasil”, lançado em 2023.

Some-se a isso o fato de o presidente Lula, apesar de eleito com o slogan “União e Reconstrução”, não estar conseguindo unir o país. Na pesquisa Genial/Quaest de avaliação do governo, do início de março, 83% dos entrevistados avaliam que o país está mais dividido do que em 2022.

 

Em uma cidade, com cerca de 200 mil eleitores, o posicionamento ideológico de um candidato a prefeito tem mais ou menos peso do que as questões locais?

O peso do posicionamento ideológico de um candidato é maior nas grandes cidades, principalmente no Sudeste, onde existe um embate importante, que não terminou depois da eleição presidencial. Em cidades pequenas e médias (caso de uma cidade com 200 mil eleitores), as questões locais tendem a ganhar mais espaço no debate.

Mas isso não significa que o posicionamento ideológico dos candidatos não tenha relevância, principalmente no que se refere a questões de comportamento e valores. A pauta de costumes veio para ficar, e terá influência nas eleições para prefeito em cidades de todos os portes.

 

Os apoios declarados de Lula e Bolsonaro podem ser decisivos para a derrota ou vitória de um candidato a prefeito?

Sem dúvida. Existe uma base política no lulismo e no bolsonarismo que pode ser mobilizada em torno de candidaturas que defendam visões de mundo e de política de um ou outro lado. Principalmente onde houver segundo turno (o que é uma possibilidade em todas as cidades com mais de 200 mil eleitores), é provável que exista uma tensão eleitoral entre os apoiadores do presidente Lula e os seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Importante lembrar que Lula e Bolsonaro deverão entrar forte nas campanhas municipais já visando 2026, porque os prefeitos são cabos eleitorais importantes para determinar a composição da Câmara e do Senado.

 

BIOGRAFIA-Felipe Nunes é Ph.D. em ciência política e mestre em estatística pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA). É professor de métodos quantitativos, eleições e estratégia na UFMG, além de ser diretor da Quaest Pesquisa e Consultoria. É o inventor e detentor da patente do Índice de Popularidade Digital (IPD). Coordenou pesquisas para vários partidos e governos (UNIÃO BRASIL, DEM, PSDB, PT, PSB, PV, PSD, PROS, PATRIOTAS e AVANTE) e empresas no país (Rede Globo, MRV, Natura, Fundação Renova, Facebook). Recebeu prêmios da American Political Science Association (APSA), do Clube de Associados em Marketing Político (CAMP), do CEPESP-FGV e da divisão de doutores da UCLA.

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