Hospital Escola empresta medicamentos e pode fechar as portas
O diretor-clínico do Hospital Escola “Professor Horácio Carlos Panepucci”, Sérgio Luiz Brasileiro Lopes e o presidente da Organização Social Sahudes, Sebastião Kury, participaram da reunião com a Comissão de Saúde da Câmara de São Carlos, na manhã desta terça-feira, 25, para expor a situação financeira da unidade hospitalar.
Um dos pontos mais polêmicos da reunião foi a afirmação de Lopes que, por falta de recursos, o HE tem emprestado medicamentos de hospitais da região para dar sequência ao atendimento à população.
“Situação difícil já estamos vivendo. Na semana que vem, a situação fica inviável se não conseguirmos o empréstimo de medicamentos e de materiais hospitalares. Não temos condições mínimas de prover assistência à urgência que é a nossa obrigação”, explica.
“Enquanto eu conseguir emprestado [medicamento], o Hospital fica aberto. O dia que não conseguir emprestar e não tiver condição de compra, eu fecho”, completa.
O diretor-clínico do HE confirma que a dívida de medicamentos e insumos hospitalares ultrapassa os R$ 200 mil. “Os fornecedores ainda não cortaram o envio dos medicamentos, mas não mandam a quantidade de produtos que o hospital necessita”, explica.
Segundo Lopes, os fornecedores enviam apenas 10% do que é solicitado pelo HE. A maioria dos medicamentos emprestados, segundo o diretor-clínico do HE, vem de hospitais conveniados ao governo do Estado. Por questões éticas, Lopes não revelou quais são as unidades que emprestam.
DIÁLOGO – Lopes cobrou o diálogo apartidário para que Prefeitura e Sahudes entrem em acordo. “Precisamos sentar, botar as contas na mesa. Toda a verba que nos é repassada pelo Fundo Municipal de Saúde, via Ministério da Saúde, é inteiramente gasta para suprir materiais e dar assistência técnica aos usuários”, observa.
De acordo com Lopes, a Prefeitura deixou de repassar R$ 1,570 milhão. Ele concorda na ampliação de prazo para as discussões entre o município e a Organização Social sobre o uso dos recursos no HE, porém faz ressalva.
“Que a Prefeitura, nesse instante, faça um repasse emergencial para a compra de insumos básicos. Nós daremos o prazo que for necessário para as discussões. Vamos negociar. O que não pode é, unilateralmente, tomar-se uma decisão. Quem sofre são os usuários do sistema de saúde”, explica.
OUTRO LADO – A Prefeitura de São Carlos não se manifestou sobre as declarações do diretor-clínico do Hospital-Escola.
Rede Básica de Saúde sobrecarrega atendimento no HE
Na reunião que aconteceu na manhã de terça-feira (25) na Câmara, o diretor-clínico do Hospital-Escola, Sérgio Luiz Brasileiro Lopes, afirmou que o Pronto-Atendimento atende 80% dos usuários da Rede Básica de Saúde. “Se há um aumento na procura pelo atendimento no Hospital Escola é que há algum problema no sistema de saúde”, acredita.
De acordo com Lopes, de 2008 a 2012, o total de atendimentos no HE apresentou crescimento de 370% – passou de 21.988 para 103.457. “Isso representa quase a metade da cidade de São Carlos”, compara. No primeiro semestre de 2013, os atendimentos chegaram a 48.124.
Atualmente, o Hospital Escola possui 20 leitos – 14 adultos e seis pediátricos – com taxa de ocupação de 100%. Ele considera errada a comparação de repasses com os números de leitos da Santa Casa e do Hospital-Escola.
“Não posso comparar leito de internação com pronto-atendimento. Não se faz cálculo por número de leitos. Usamos outros indicadores como taxa de internação, produtividade e diárias. O Hospital-Escola não tem leito de internação. É um pronto atendimento”, diz.