Skaf ataca sindicalistas e afirma que CUT se preocupa só com arrecadação
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, esteve em São Carlos, na manhã desta quarta-feira, 29. Ele se reuniu com empresários na sede do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).
Skaf disse que a Central Única dos Trabalhadores (CUT) teme perder a arrecadação do imposto sindical. “A CUT está preocupada com a arrecadação sindical e não com o trabalhador, com a especialização, com a qualidade ou inovação, por isso é contra”, afirmou.
O vereador Ronaldo Lopes (PT), que representa a categoria metalúrgica e esteve presente no Ciesp para convidar Skaf para uma audiência pública em São Carlos, rebateu as declarações. Segundo ele, a terceirização é uma discussão mais profunda e que não envolve a discussão de perda de receitas.
O presidente da Fiesp reafirmou que a terceirização no Brasil é uma realidade de décadas e que as discussões em Brasília estão concentradas na regulamentação do tema. “Na verdade, a terceirização não barateia, custa igual ou mais caro. Mas ela busca a solução da especialização”, disse Skaf
Skaf voltou a afirmar que o projeto de lei 4330, que regulamenta a contratação de serviços terceirizados para todas as atividades profissionais, preserva os direitos do trabalhador.
“A terceirização não mexe com nenhum direito dos trabalhadores. No Brasil só tem uma CLT [Consolidação das Leis Trabalhistas], então estar registrado numa prestadora de serviço, indústria ou comércio pela CLT é tudo a mesma coisa, tem direito a férias, décimo terceiro salário, fundo de garantia”, afirmou.
INDÚSTRIA – Questionado sobre as dificuldades de retomada de crescimento por parte da indústria, Skaf reiterou que a desaceleração do setor está diretamente ligada à crise econômica e política do país.
“O problema da indústria é falta de competitividade, que está ligada também à desoneração da folha de pagamento, que o governo fez para aumentar a competitividade das empresas brasileiras e agora quer recuar. Isso tem influência”.
Após a entrevista coletiva, Skaf teve uma conversa amistosa com o vereador Ronaldo Lopes (PT), que é ligado à classe metalúrgica e à CUT. Na ocasião, o parlamentar convidou o presidente da Fiesp para uma audiência pública que deve ser promovida pela Câmara de São Carlos para discutir a Lei da Terceirização. Skaf prometeu enviar um representante da Fiesp.
Ao ser perguntado sobre as declarações de Skaf sobre a CUT, Lopes afirmou que as argumentações sobre imposto sindical não procedem. “A CUT não é o trabalhador, mas a entidade que organiza os trabalhadores. O que se discute na lei da terceirização é a perda dos direitos trabalhistas”, explicou.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Erick Silva, também se manifestou recentemente sobre o assunto. “Os trabalhadores em empresas terceirizadas, segundo levantamento do Dieese [Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos], trabalham mais horas, ganham menos e sofrem mais acidentes de trabalho, é um absurdo. O projeto de lei é extremamente danoso, porque permite terceirizar qualquer atividade em qualquer local de trabalho. Atualmente a regulamentação proíbe na atividade fim”, relatou.
“O que esse conjunto de 324 deputados quer é maximizar os lucros de empregadores e dar segurança jurídica ao que hoje é aberração. Se a proposta vai reduzir salários, aumentar jornadas e colocar mais vidas de trabalhadores em risco esse grupo não está nem aí. Só estarão daqui a três anos, quando precisarem de votos”, concluiu.