Por outro futuro
O Brasil está sacudido. A delação da Odebrecht e o caminho anti-povo do governo estremecem o país e precisamos pensar o que está acontecendo e o que fazer.
Quando Eduardo Cunha caiu e depois foi detido eu celebrei. Naquele momento caia um agente político do pior tipo. Apesar de ver nisso uma vitória e celebrar, nunca pensei que isso resolveria os problemas do nosso país. Caiu Cunha, mas sobraram tantos outros iguais ou piores que ele.
E é isso que estamos vendo no momento, lá estão políticos de todos os lados e instituições de todo tipo tendo práticas mafiosas expostas.
Respeitando o direito de defesa, o prosseguimento das investigações, doa a quem doer, é o mínimo que precisa ocorrer. E aparentemente isso já não é mais uma questão, pois se havia quem apostava em controlar as investigações, cada vez mais parece que elas saíram desse pretenso controle e até mesmo os pássaros plumados estão caindo.
Lutar, dizendo em alto e bom som que Temer e seu governo, que estão afundados até o pescoço no lamaçal, não podem continuar e que precisamos de novas eleições é avançar um pouco mais. Mas mesmo isso parece insuficiente.
O que está em jogo agora não é mais um ou outro partido corrupto, um ou outro governo. É a República brasileira posta em xeque.
No meio do furacão, necessitamos inaugurar a luta consciente por aprofundar a democracia no país. A semente de todo o mal são os interesses de poucos passando por cima dos da maioria.
Nossas instituições já não podem mais, nossos políticos já não podem mais e nós já não aguentamos mais.
Precisamos parar o país, rejeitar as reformas impopulares de Temer, rejeitar sermos governados por ele e seus amigos corruptos e, acima de tudo, nos organizar para dizer o que queremos do Brasil. Precisamos de um novo Brasil e uma nova constituição.
Uma nova constituição em que a transparência seja a marca e a democracia direta o fundamento. Uma constituição que seja forjada no espírito de que nunca mais interesses particulares prevaleçam sobre os interesses da maioria do povo.
Dante Peixoto, 30, é Mestre em Engenharia Ambiental e do PSOL São Carlos.