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Questão de escolha

27/07/2017 08h57 - Atualizado há 7 anos Publicado por: Redação
Questão de escolha

Já atormentando os leitores desse espaço, vou continuar falando da demolição trabalhista aprovada e sancionada há algumas semanas.

Mas agora não vou mais bancar o adivinho, vou falar do que já existe. Quero falar do modelo americano, que foi muitas vezes citado pelos deputados e senadores como argumento para aprovar a lei que permite a retirada de direitos.

Nos EUA nunca houve CLT ou nada parecido, a legislação trabalhista se restringe à salario mínimo e os sindicatos só existem nos locais de trabalho se os trabalhadores quiserem.

Então falando mais do que eu conheço. 

As trabalhadoras nas montadoras do norte dos EUA têm sindicatos, saúde, aposentadoria e salários quase do tamanho que vemos nos filmes americanos.

No sul, gigantes da indústria automotiva mundial, Volkswagen, Mercedes Benz e Nissan, por exemplo, exploram sem sindicatos os trabalhadores e o  gigantesco e rico mercado americano, pagando salários que são a metade dos praticados no norte.

A Nissan é também acusada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores nas montadoras americanas, UAW, de não respeitar a Declaração Universal de Direitos Humanos da ONU e de infringir leis de saúde do país. 

Usando mais o exemplo da Nissan, que tem sua fábrica no estado do Mississipi com 6000 trabalhadores, metade deles terceirizados, salário médio de 7 dólares por hora e os diretos 18 a 24 dólares, produzem e vendem 1 milhão de carros nos EUA por ano, únicas plantas do mundo onde a Nissan não tem sindicato.

Pra se ter uma ideia, esses salários são comparáveis aos pagos na VW em São Carlos, só que o custo de vida é o de lá. 

A demolição dos direitos no Brasil permite acordo individual, comissão independente nos locais de trabalho, negociado vale sobre a lei, horário intermitente, terceirizado na atividade fim, vale tudo. As liberdades e flexibilidades dos EUA na realidade brasileira, se lá é assim, imagina aqui.

Ter ou não sindicato passa a partir de agora a ser escolha dos trabalhadores.

Pra quem acha que flexibilidade é bom, vai nessa! Só é bom saber direitinho o risco pra não reclamar depois.

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