Willem Dafoe e Robert Pattinson vivem terror do isolamento
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As consequências do confinamento e do isolamento parecem ser
a grande obsessão de Robert Eggers. Após surpreender Hollywood com “A bruxa”,
de 2016, ele está de volta com “O farol”. No segundo filme do cineasta
americano de 36 anos, a ação se mantém na sua Nova Inglaterra natal, mas a
trama salta do século 17 para os anos 1890, e do interior rural para uma ilha
remota. Além disso, a família de fundamentalistas cristãos dá lugar a dois
marinheiros que poderiam ter saído de um romance de Herman Melville.
Coproduzido por Rodrigo Teixeira, “O farol” chega aos cinemas brasileiros
amanhã, após uma bem-sucedida carreira no circuito de festivais em 2019. A
estreia foi em maio passado, no Festival de Cannes, de onde saiu com o
prestigiado prêmio da Fipresci, a Federação Internacional de Críticos de
Cinema. No Brasil, passou pela Mostra de São Paulo e pelo Festival do Rio. A
aposta de Teixeira, agora, é levar o filme ao Oscar, com esperanças de
concorrer nas categorias de direção, ator e ator coadjuvante.
Com trama simples, o longa-metragem é centrado na relação entre dois
marinheiros, o veterano Thomas Wake (Willem Dafoe) e o novato Ephraim Winslow
(Robert Pattinson). Responsáveis pela manutenção de um farol, eles são
condenados pelas condições do tempo a conviver isolados por quatro semanas. De
temperamentos opostos, serão afetados pelo confinamento forçado, que desafia a
sanidade e desperta neles o que têm de pior.
Dafoe, que esteve no Brasil na Mostra de São Paulo, em novembro, define a
relação entre seu personagem e o de Pattinson como um tango: Thomas é quem
conduz, enquanto Ephraim só reage:
— Eu e Pattinson temos métodos de trabalho muito diferentes, mas no filme
também temos funções diferentes — explica o ator. — Em cena, ele quase não me
olha no olho. Então, são dinâmicas muito opostas. E acho que isso se expressa
nos personagens e em nossa abordagem. O público experimenta isso através dele.
“O farol” surgiu de uma espécie de desafio entre Eggers e seu irmão Max, com
quem assina o roteiro. Ambos conversavam sobre criar uma história de fantasmas
num farol abandonado, e a primeira imagem que veio à mente do diretor foi a de
dois homens jantando, um de frente para o outro, em um cenário desolado.
— Eu imaginei a cena e, então, busquei criar uma história que combinasse com
essa atmosfera — disse o diretor.
Para dar sustentação a um “fiapo de história”, dois homens convivendo em um
cenário restrito, ele recorreu a soluções estéticas que reforçam o clima
claustrofóbico, como a opção por filmar em preto-e-branco e em um formato de
tela quadrado. O som ambiente mistura o quebrar das ondas, o cair da chuva e o
grasnar das gaivotas, contribuindo para passar ao espectador o estado de tensão
experimentado pelos personagens de Dafoe e Pattinson.
Todo o interior do farol foi criado em estúdio, enquanto as partes externas
foram filmadas numa ilha desabitada. O cineasta conta que, logo no início da
produção, ele e o diretor de fotografia Jarin Blaschke passaram cinco dias em
um estúdio marcando os cenários no chão para estudar posicionamentos de câmera
e outros detalhes para as filmagens.