O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB)
Para a psicologia e para a psicanálise, o TPB vem acompanhado de angústias de ser abandonado e uma agonia impensável
Hoje falaremos sobre o TPB, um diagnóstico que vem ganhando notoriedade nos últimos anos. Não porque não existisse anteriormente, mas porque com sua popularização, vem se tornado mais fácil identificá-lo.
Para a psicologia e para a psicanálise, o TPB vem acompanhado de angústias de ser abandonado e uma agonia impensável. Como o bebê não experiencia o cuidado de forma correta após o nascimento, momentos de separação, mesmo que sejam muito breves, são vivenciados com muita intensidade por esses pacientes. Fazendo com que angústia por medo de ser morto seja avassaladora.
Assim, o Ego do borderline é mais frágil. E recheado de sentimentos persecutórios. Isso leva a um desejo quase que de se tornar um com o Outro (qualquer que seja essa pessoa), que é colocado num lugar de objeto de amor, apoio e segurança.
Porém, isso também dá lugar a um novo medo, o de ser rejeitado por essa nova pessoa. Resultando numa agressividade para criar um limite entre o Eu e o Outro. Por fim, há uma retaliação a essa agressividade interna. Portanto, pessoas borderline são agressivas e dependentes das pessoas que amam.
Nesse sentido, é comum que as relações se tornem intensas e abusivas, pois a relação está a serviço da sobrevivência do Ego do borderline. Em vez da lógica das pessoas estarem a serviço da satisfação mútua. E é mais vantajoso se submeter e sobreviver do que perder a unidade do Ego (de quem eu sou).
Deste modo, de acordo com DSM-5 (2014), podemos identificar alguns sintomas para o TPB: esforços desesperados para evitar abandonos reais ou imaginários; padrões de relacionamentos instáveis e intensos (alternando entre idealização e desvalorização); perturbação da identidade com mudanças profundas na autoimagem ou percepção de si; instabilidade afetiva; ansiedade intensa de curta duração; sentimentos crônicos de vazios; e raiva acentuada e inapropriada ou dificuldade em controlá-la.
A terapia se faz importante nesses casos, pois, o borderline precisa de um ambiente em que as relações e “objetos” podem ser testados e sobrevivem a agressividade do transtorno, assim parando de testar outras relações.
Além disso, o paciente pode ser acolhido e poderá rotular os sentimentos para melhor entendê-los. Podendo assim trabalhar as questões de angústia e autoestima. E por último, como é comum que esses casos envolvam ideações suicidas devido as grandes angústias que acompanham o transtorno, a terapia se coloca em um local de ajuda e não julgamento. Além de poder fazer, por exemplo, um diálogo com outros profissionais competentes, como um psiquiatra.
Psicólogo formado pela PUC-Campinas.
Psicanalista pós-graduado pela Mackenzie-SP.
Especializado em Psicanálise, Gênero e Sexualidade pelo Instituto Sedes Sapientiae.
Matheus Wada Santos
CRP 06/168009
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