Araras e mariposas
Há algumas semanas, tive a feliz oportunidade de conversar com um padre. Dentre os diversos tópicos que falamos, um deles me chamou a atenção: a diferença entre o acasalamento de alguns insetos e aves.
Primeiro, ele falou sobre o acasalamento da mariposa. As mariposas fêmeas e machos não mantêm vínculo nenhum nem antes nem durante nem depois do acasalamento. Depois, o padre me falou sobre as araras. Diferente das mariposas, elas não só mantêm esse vínculo afetivo com seu parceiro antes e durante o acasalamento, como também ficam juntas por toda a vida. Se o parceiro morre, elas ficam sozinhas até que sua vez chegue.
Eu não tinha conhecimento dessa informação e achei fascinante! Vivemos num mundo onde tudo se “coisifica”, inclusive o amor- algo que comentei em um de meus últimos artigos. Ou seja, atualmente, no que se refere também aos sentimentos, a maioria das pessoas é mariposa, quando deveria ser arara.
Não sou a favor dos casamentos de fachada. Mas, gostaria de focar na cumplicidade que parece quase completamente extinta entre os casais atuais. Cito, novamente, uma das ideias do padre com quem conversei: fidelidade não se trata, somente, de evitar relações extraconjugais, mas sim de nos obrigarmos e, sobretudo, esforçarmo-nos, todos os dias, para fazer nosso parceiro feliz.
Sabemos que, para que isso aconteça, muitas horas de sono e fios de cabelo são perdidos. Mas, nada mais belo do que não só fazermos o outro feliz, mas também perceber que ele se esforça para que nos sintamos da mesma forma. É só assim, com a vontade genuína de querer ver alguém feliz, que um relacionamento pode, de fato, ser pleno.
Dedico este artigo ao Elton Luis, que escolhi para ser minha arara.
(*) Jornalista
