‘Ainda não é possível apontar se houve falhas’, disse porta-voz da PM de SP
Policiais e
testemunhas estão prestando esclarecimentos sobre a morte de nove pessoas
durante tumulto após ação da Polícia Militar (PM) em baile funk na comunidade
de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, na madrugada do último domingo, 1.º,
que também deixou outras 12 pessoas feridas.
Em entrevista à Rádio Eldorado, o porta-voz da PM, tenente-coronel Emerson
Massera, disse que ainda “não é possível apontar que houve uma falha dos
policiais”. “Preventivamente, apreendemos as armas de todos policias
e pedimos exame residuográfico”, afirmou o tenente-coronel.
Os policiais que participaram da ação negam ter disparado arma de fogo. A
Corregedoria está investigando a ação da PM no pancadão. Imagens estão no
inquérito e estão sendo analisadas – entre elas a que mostram agressões
cometidas por policiais .
“É muito grave (a agressão), mas a primeira sensação que dá, não estou
desqualificando o fato, que é extremamente grave, mas a sensação que temos é
que não ocorre no problema do pancadão, que teve a correria das pessoas. A
imagem é muito lenta e parada”, avaliou Massera. Os policiais que aparecem
no vídeo serão identificados para saber se estavam em Paraisópolis na madrugada
de domingo.
De acordo com a versão oficial, seis PMs estavam na Avenida Hebe Camargo, perto
da comunidade, quando uma dupla passou de motocicleta por volta das 5h30 e
atirou contra os policiais, ao serem abordados. Eles fugiram em direção à
festa, que reuniu 5 mil pessoas.
Na chegada ao baile, os policiais dizem que teve início o tumulto e que os
suspeitos se esconderam na multidão. Isso teria feito com que participantes da
festa, em pânico, tropeçassem e se machucassem gravemente.
Já moradores, em relatos e vídeos, acusam os PMs de agir com truculência. O
governo do Estado informou que vai investigar as circunstâncias das mortes para
apontar se houve excessos. “Os policiais tentaram prevenir a instalação do
pancadão. Começou a (se) fazer policiamento nos arredores para evitar crimes
durante o evento. Em um dos pontos, passou uma moto, em atitude suspeita”,
afirmou o porta-voz da PM.
Segundo Massera, os policiais pediram para eles pararem, mas os ocupantes
atiraram e fugiram em direção ao baile funk. “A ação dos criminosos é que
provocou o tumulto.”
Sem estrutura – Há quase uma década, o Baile da Dz7 (17) acontece aos
fins de semana na região de Paraisópolis. Em algumas ocasiões começam na quinta
e se estendem até domingo, o que gera reclamação de moradores do Morumbi,
bairro vizinho. Jovens se deslocam de diversos locais da cidade rumo ao
pancadão.
“O baile funk acontece há anos na comunidade Paraisópolis, sem estrutura
adequada. É preciso focar em providências para oferecer local mais adequado
para a realização do evento, que acontece aos fins de semana”, defendeu o
tenente-coronel.
Segundo o porta-voz da PM, somente no último sábado, 30, foram registrados 250
pontos de pancadão na cidade de São Paulo. “Somente neste ano, já foram 45
operações que preveniram a realização do pancadão em Paraisópolis.”
Conforme moradores, esses bailes também se tornaram motivo de incômodo
frequente, por causa do barulho e das aglomerações.